O regime da Nicarágua fechou nesta quarta-feira outras 91 ONGs, muitas delas religiosas, no contexto de um processo que começou após protestos contra o ditador, Daniel Ortega em 2018.
As ONGs foram fechadas porque, alegadamente, “não cumpriram com suas obrigações sob o marco regulatório” e “não relataram, por períodos de 2 a 29 anos, conselhos de administração, demonstrações financeiras, balanço patrimonial, detalhes das doações, bem como informações sobre a identidade e origem de todos os seus membros doadores”, explicou o Ministério do Interior no jornal oficial “La Gaceta”.
Das 91 ONGs ilegalizadas, 27 são religiosas e oito são internacionais. Entre elas estão a Asociación de Mujeres Cristianas Dios es Amor, a Fundación Cristiana Niños para Cristo e a Solid Rock Foundation, sediada nos Estados Unidos.
O regime, com o apoio do Legislativo, já proibiu 2.926 ONGs desde o início dos protestos contra Ortega, há quatro anos e meio.
A maioria dos cancelamentos (2.802) foi realizada desde março, de acordo com um relatório recentemente apresentado por 18 organizações em uma audiência pública perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).
De acordo com a denúncia e as declarações das autoridades nicaraguenses, a ilegalização das ONGs está ligada aos protestos antigovernamentais de 2018, nos quais ao menos 355 pessoas morreram, de acordo com a CIDH, embora ONGs locais aleguem que o número real é de 684 e o governo reconheça 200.
A Nicarágua vem passando por uma crise política e social desde abril de 2018, que se acentuou após as controversas eleições gerais de 7 de novembro de 2021, nas quais Ortega foi reeleito para um quinto mandato, sendo o quarto consecutivo e o segundo com sua esposa, Rosario Murillo, como vice-presidente. Enquanto isso, seus principais concorrentes foram presos ou se exilaram.
Entre para nosso canal do Telegram
Assista também: