O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pareceu minimizar as esperanças de uma trégua iminente com o Hezbollah na quinta-feira (26), depois que os Estados Unidos e seus aliados pediram um cessar-fogo imediato de 21 dias para “dar espaço para a diplomacia”.
Em uma declaração divulgada pelo gabinete de Netanyahu enquanto ele estava a caminho da Assembleia Geral da ONU em Nova York, foi dito havia apenas uma proposta na mesa e que ele ainda não havia respondido a ela.
A declaração também refutou a noção de que havia alguma diretriz para aliviar os combates na fronteira entre Israel e o Líbano.
O Hezbollah ainda não respondeu à proposta de uma pausa nos combates, mas já havia dito anteriormente que só pararia de disparar foguetes depois que houvesse um cessar-fogo em Gaza.
A declaração do gabinete de Netanyahu disse que ele havia “instruído as IDF (Forças de Defesa de Israel) a continuar lutando com força total, de acordo com o plano que lhe foi apresentado”.
A declaração também disse que os combates em Gaza também continuariam “até que todos os objetivos da guerra fossem alcançados”.
Mais cedo, o primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati, expressou esperança de que um cessar-fogo pudesse ser alcançado em breve entre Israel e o grupo terrorista Hezbollah, apoiado pelo Irã.
Mikati acolheu pedidos por trégua, mas afirmou que o ponto crucial para implementá-la dependeria do compromisso de Israel, que tem reposicionado tropas para mais perto de sua fronteira com o Líbano, em respeitar resoluções internacionais.
Quando perguntado se um cessar-fogo poderia ser conquistado em breve, ele respondeu: “Esperançosamente, sim.”
Os ataques aéreos mais intensos contra o Hezbollah no Líbano em quase duas décadas se intensificaram desde segunda-feira, com mais de 600 mortos nos últimos dias, segundo autoridades libanesas.
Os Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Japão e vários outros países pediram na quarta-feira (26) por um cessar-fogo de 21 dias na fronteira Israel-Líbano, ao mesmo tempo em que expressaram apoio a um cessar-fogo em Gaza, após intensas discussões nas Nações Unidas.
O comunicado, emitido por 11 nações e pela União Europeia, afirma que o objetivo é permitir que civis de ambos os lados da fronteira retornem com segurança às suas casas, uma vez que a diplomacia não pode “ter sucesso em meio à escalada deste conflito”.
“A situação entre o Líbano e Israel desde 8 de outubro de 2023 é intolerável e apresenta um risco inaceitável de uma escalada regional mais ampla”, diz o comunicado.
“Isso não é do interesse de ninguém, nem do povo de Israel nem do povo do Líbano”, acrescentou.
O governo interino do Líbano, liderado por Mikati, inclui ministros escolhidos pelo Hezbollah, amplamente visto como a força política mais poderosa do país.
O cessar-fogo se aplicaria à “Linha Azul” entre Israel e o Líbano, a linha de demarcação entre os dois países, e permitiria que as partes negociassem uma resolução diplomática do conflito, segundo um alto-oficial da Casa Branca.
A Linha Azul foi criada pela ONU em 2000 para verificar a retirada completa de Israel do Líbano após 18 anos de presença militar, que começou em 1982 em resposta aos ataques da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) contra civis israelenses a partir do Líbano.
A coordenadora especial da ONU para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert, disse na quinta-feira (26) que acolhe o pedido de um cessar-fogo imediato de 21 dias para dar espaço à diplomacia.
No entanto, a violência não diminuiu durante a noite, conforme Israel atingiu cerca de 75 alvos do Hezbollah no Vale do Bekaa e no sul do Líbano, incluindo depósitos de armas e lançadores prontos para uso, segundo as Forças de Defesa de Israel comunicaram.
Um desses ataques teria matado pelo menos 23 sírios, a maioria mulheres e crianças, quando um prédio de três andares na cidade de Younine foi atingido, segundo o prefeito da cidade, Ali Qusas, em entrevista à Reuters.
Cerca de 1,5 milhão de sírios que fugiram da guerra civil em seu país natal residem no Líbano.
Israel tem como prioridade garantir a segurança de sua fronteira norte e permitir o retorno de cerca de 70.000 cidadãos desalojados pelo fogo cruzado dos confrontos quase diários, iniciados pelo Hezbollah há um ano em solidariedade ao Hamas em Gaza.
Israel ampliou seus ataques aéreos no Líbano na quarta-feira (25), e pelo menos 72 pessoas foram mortas, de acordo com declarações do Ministério da Saúde do Líbano. O ministério também informou que pelo menos 223 pessoas ficaram feridas.
Cerca de meio milhão de pessoas fugiram de suas casas no país, e os hospitais libaneses estão sobrecarregados com os feridos.
Os bombardeios ocorrem após os ataques da semana passada, quando pagers e walkie-talkies explodiram em todo o Líbano, matando dezenas e ferindo milhares.
O líder militar de Israel disse que uma ofensiva terrestre é possível, aumentando o temor de que o conflito possa desencadear uma guerra mais ampla no Oriente Médio.
O embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, disse a jornalistas antes de uma reunião do Conselho de Segurança na quarta-feira que o estado judeu acolheria um cessar-fogo e preferiria uma solução diplomática.
Ele então afirmou ao conselho que o Irã é a principal causa da violência na região e que a paz requer o desmantelamento da ameaça de Teerã.
Tanto o Hezbollah quanto o Hamas são patrocinados pela República Islâmica.
Líderes mundiais expressaram preocupação com o fato de que o conflito—que ocorre em paralelo à guerra de Israel em Gaza—está escalando rapidamente.
Os ataques aéreos israelenses desta semana têm como alvo líderes do Hezbollah e centenas de locais no interior do Líbano. O grupo respondeu com disparos de foguetes contra Israel.
Reuters e Stephen Katte contribuíram para este artigo.