Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
Os Estados Unidos acusaram a China e a Rússia de protegerem a Coreia do Norte de críticas durante uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas, convocada em 4 de novembro para tratar do teste de lançamento de um míssil de longo alcance com capacidade nuclear realizado por Pyongyang na semana passada.
“A Rússia e a China têm vergonhosamente protegido Pyongyang de qualquer represália, ou até mesmo de condenações por suas ações”, disse o vice-embaixador dos EUA na ONU, Robert Wood, acusando os membros da ONU de, efetivamente, encorajarem as ambições nucleares do regime totalitário.
“Protegida de um exame mais rigoroso de suas atividades que violam sanções por Moscou e Pequim, Pyongyang, sem surpresa, foi encorajada a continuar avançando em seus programas ilícitos de mísseis balísticos, nucleares e de armas de destruição em massa (WMD)”, afirmou Wood.
As declarações foram feitas dias depois de 8.000 dos cerca de 10.000 soldados norte-coreanos se juntarem às forças russas na região ocidental de Kursk.
A ação provocativa foi o primeiro teste de lançamento de um míssil balístico intercontinental (ICBM) de longo alcance pela Coreia do Norte em pouco mais de um ano, alcançando um recorde de altitude de voo. Esses mísseis com capacidade nuclear têm um alcance de pelo menos 5.600 quilômetros, sendo capazes de atingir qualquer alvo no mundo.
Em 31 de outubro, Pyongyang disparou o míssil quase verticalmente, que caiu no mar ao largo de sua costa leste, entre o Japão e a Rússia. Ele atingiu uma altitude de cerca de 7.000 quilômetros, o que, em uma trajetória mais plana, teria permitido um alcance de aproximadamente 15.000 quilômetros.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Sean Savett, afirmou em comunicado que este foi um “flagrante desrespeito” às resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
“Embora o INDOPACOM dos EUA tenha avaliado que não representou uma ameaça imediata ao pessoal ou território dos EUA, ou aos nossos aliados, este lançamento desnecessariamente eleva as tensões e corre o risco de desestabilizar a situação de segurança na região”, disse ele.
O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o secretário de Defesa, Lloyd Austin, se reuniram com seus colegas sul-coreanos em Washington no mesmo dia e disseram a jornalistas, em uma coletiva após o encontro, que tanto os Estados Unidos quanto a Coreia do Sul abordaram o assunto com a China, que possui significativa influência sobre a Coreia do Norte.
Blinken afirmou que os Estados Unidos tiveram uma “conversa robusta” com autoridades do Partido Comunista Chinês (PCC), já que a China é membro do Conselho de Segurança da ONU e é esperada pela comunidade internacional a exigir que a Coreia do Norte e a Rússia cessem ações militares provocativas que violam resoluções da ONU.
O ministro da Defesa da Coreia do Sul, Kim Yong-hyun, disse que a China “continua silenciosa” sobre a questão, mas previu que não poderá permanecer assim se as tensões aumentarem e começarem a afetar os interesses chineses. A China também mantém parcerias com a Coreia do Norte e a Rússia.
Os funcionários disseram que a parceria crescente entre a Rússia e a Coreia do Norte era preocupante, e que a Rússia parecia estar treinando soldados norte-coreanos em operações de artilharia, drones e uso de infantaria na linha de frente, desestabilizando a península coreana.
Tanto a China quanto a Rússia são membros das Nações Unidas e têm assento como membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, junto com os Estados Unidos, Reino Unido e França, sendo responsáveis por manter a paz.
Enquanto os Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia condenaram a guerra da Rússia contra a Ucrânia, a China tem permanecido em silêncio sobre o assunto e ajudado o exército russo a evitar sanções internacionais, segundo a Comissão de Revisão Econômica e de Segurança EUA-China.
Os embaixadores da Rússia e da China na ONU culparam os Estados Unidos e as sanções internacionais por criarem tensões com a Coreia do Norte, que continua a violar os direitos humanos básicos de seus próprios cidadãos.
A vice-embaixadora russa na ONU, Anna Evstigneeva, acusou os países que convocaram a reunião de segunda-feira — Estados Unidos, França, Japão, Malta, Coreia do Sul, Eslovênia e Reino Unido — de “demonizarem” a Coreia do Norte para manter “medidas de sanção ineficazes” e justificar “passos agressivos” por parte dos Estados Unidos e seus aliados democráticos na região.
O embaixador da China na ONU, Fu Cong, afirmou de forma semelhante que o papel do conselho deveria ser o de desescalar as tensões “em vez de simplesmente impor sanções e pressão”.
O embaixador da Coreia do Norte na ONU, Kim Song, culpou os Estados Unidos e declarou que “a situação potencial está se aproximando do limite de uma guerra”.
Sanções e armas de destruição em massa
O embaixador da Coreia do Sul na ONU, Joonkook Hwang, afirmou que Rússia e China impediram o comitê de sanções à Coreia do Norte do Conselho de Segurança de atualizar a lista de itens proibidos destinada a restringir o programa de armas de destruição em massa da Coreia do Norte.
“Esse lançamento mais uma vez levanta uma questão fundamental: como um regime pária empobrecido pode continuar a desenvolver programas tão diversos de mísseis balísticos, apesar do rigoroso regime de sanções do Conselho de Segurança?”, questionou ele.
“A resposta é que devem existir grandes brechas que permitem ao DPRK (República Popular Democrática da Coreia) acesso ao equipamento, materiais e tecnologia necessários para avançar seus programas de armas de destruição em massa”, completou Hwang.
Funcionários da ONU condenaram o teste do ICBM.
“O lançamento de mais um ICBM pela DPRK é motivo de séria preocupação e representa uma grave ameaça à estabilidade regional”, disse Khaled Khiari, secretário-geral adjunto da ONU.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu aos estados-membros que intensifiquem o engajamento diplomático, afirmando que essa permanece sendo a “única via para uma paz sustentável e a desnuclearização completa e verificável da Península Coreana”.
A Reuters contribuiu para esta reportagem.