O Ministério Público (MP) da Venezuela anunciou nesta sexta-feira (23) que convocará “nas próximas horas” o vencedor das eleições, Edmundo González Urrutia, para uma investigação criminal contra ele, devido à suposta prática de crimes associados à denúncia de fraude eleitoral feita pela oposição.
O procurador-geral do país, Tarek William Saab, disse que mais tarde anunciará, “em tempo, modo e lugar”, os detalhes dessa convocação, com a qual se espera que o líder da Plataforma Unitária Democrática (PUD) fale sobre o site na internet no qual foram divulgadas atas eleitorais que confirmam sua vitória nas eleições de 28 de julho.
“Ele tem que comparecer a esta convocação para falar, consequentemente e sucessivamente, sobre sua responsabilidade antes, durante e depois de 28 de julho, por sua obstinação, desobediência às autoridades”, disse o procurador-geral em discurso transmitido pelo canal estatal VTV.
Saab espera que o líder opositor “faça uma declaração sobre sua autoria” na divulgação destes dados, que, segundo ele, “usurpou” uma tarefa “que só cabe” ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão que faz parte do regime e que ainda não publicou os resultados desagregados que confirmam a anunciada vitória de Nicolás Maduro nas urnas.
“Ele não mostra o rosto, não sabemos onde está”, comentou o procurador-geral, em alusão à decisão de Urrutia de permanecer “em proteção” diante das ameaças da ditadura de Maduro, que pediu a prisão dele e de sua principal apoiadora, María Corina Machado.
Ele considerou que o opositor “está escondido”, devido à “sua extrema covardia, terror e medo da justiça”, mas insistiu que “ele terá que mostrar a cara” perante o MP.
O anúncio de Saab foi feito um dia depois que o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) confirmou a vitória de Maduro, que foi rejeitada por vários países que estão pedindo às autoridades venezuelanas que publiquem os resultados desagregados, conforme estabelecido pelo cronograma.