O Ministério Público da Colômbia ordenou uma investigação sobre as denúncias de possível espionagem contra a Corte Constitucional do país, dadas as denúncias de supostas interceptações e monitoramentos ilegais de um dos gabinetes de seus magistrados.
A investigação foi anunciada neste sábado pela procuradora-geral da República, Luz Adriana Camargo, após ser divulgado, através de uma investigação do jornal “El Tiempo”, que os magistrados lhe haviam transmitido informações sobre uma possível espionagem, em um país onde já houve vários casos anteriores.
“A procuradora-geral colocou todos os recursos à disposição da entidade para avançar com celeridade e rigor nos atos investigativos que permitam estabelecer o alcance e o impacto da delicada situação relatada na última quarta-feira”, explicou o Ministério Público em comunicado.
Segundo o jornal “El Tiempo”, na reunião “falou-se de supostos monitoramentos, de espionagem sobre questões substantivas que vinham sendo discutidas e supostas interceptações ilegais”, e foi solicitado oficialmente ao Ministério Público que verificasse “se é verdade que durante meses foi realizado um trabalho de inteligência contra membros da Corte”.
Entre as possíveis provas estão informações sobre supostas escutas telefônicas com interceptação de celulares de magistrados e demais funcionários com informações sobre processos sensíveis e sigilosos.
O Ministério Público rejeitou “qualquer insinuação de vazamento deliberado ou indevido que afete a segurança, proteção e integridade tanto dos denunciantes como dos seus familiares” e negou hoje ter “divulgado o documento assinado por um dos magistrados da Corte Constitucional”.
Um precedente de caso de escutas ilegais foi o escândalo ocorrido durante o governo de Álvaro Uribe (2002-2010), depois de se saber que o extinto Departamento Administrativo de Segurança (DAS), que realizava trabalhos de inteligência, tinha instalado microfones no Suprema Corte de Justiça e interceptou os telefones de muitas personalidades, incluindo juízes, jornalistas e opositores.
Neste caso, entre outros, foram condenados Bernardo Moreno, ex-secretário da presidência da Colômbia, e María del Pilar Hurtado, ex-chefe do DAS, considerados responsáveis por diversos crimes pela Câmara Penal da Suprema Corte de Justiça.
Em setembro de 2017, o ex-diretor do DAS Jorge Noguera também foi condenado a sete anos, 10 meses e 15 dias de prisão como coautor do crime de formação de quadrilha agravado naquele escândalo por realizar “interceptações de comunicações privadas, vigilância e monitoramento sem mandado de uma autoridade judicial”.