O Ministério Público da Colômbia convocou o ex-embaixador do país na Venezuela, Armando Benedetti, para depor sobre supostas irregularidades na campanha eleitoral do presidente Gustavo Petro, assim como outras autoridades para esclarecer a morte de um policial designado para a presidência que supostamente cometeu suicídio na última sexta-feira.
Em comunicado divulgado nesta terça-feira, o MP colombiano afirma que Benedetti, que se demitiu no início do mês, “foi convocado para uma declaração juramentada na sexta-feira, 23 de junho, para especificar e explicar várias das suas declarações que dão conta de um alegado financiamento ilegal da campanha política do presidente da República, Gustavo Petro Urrego”.
Benedetti foi peça fundamental na campanha presidencial de Petro, principalmente na costa atlântica, onde tem seu reduto eleitoral, o que lhe valeu a nomeação como embaixador na Venezuela, cargo que ocupou desde agosto do ano passado até sua renúncia em 2 de junho em meio a um escândalo de disputa de poder com a então chefe de gabinete presidencial, Laura Sarabia, que renunciou no mesmo dia.
Após a renúncia de Benedetti, a revista “Semana” publicou alguns áudios em que o político, sem poupar vulgaridades e ofensas contra Sarabia e Petro, ameaçava revelar supostas irregularidades no financiamento da campanha presidencial.
Em um dos áudios enviados a Sarabia, Benedetti exigia melhor tratamento do governo, alegando que conseguiu 15 bilhões de pesos (cerca de R$ 16,5 milhões) para a campanha do Petro, e disse que se contar quem o financiou na costa atlântica “todos afundamos, todos estamos acabados, todos vamos para a cadeia”.
Suposto roubo de dinheiro
A intimação dos demais funcionários está vinculada com a investigação da morte do tenente-coronel Óscar Dávila, supostamente envolvido em um caso de abuso de poder e escutas ilegais contra Marelbys Meza, ex-babá de Sarabia, acusada de roubo, que foi quem desencadeou o escândalo em que Benedetti acabou envolvido.
O ex-embaixador apareceu no caso como a fonte que teria revelado à imprensa, no contexto de seu confronto com Sarabia, os possíveis abusos de poder cometidos contra a ex-babá, acusada de furtar da casa da ex-chefe de gabinete uma maleta com quantia não especificada.
Devido à perda de dinheiro, o Ministério Público convocou Sarabia para “uma entrevista” na quinta-feira, 22 de junho, segundo acrescentou a instituição em nota.
A morte do Coronel
Em relação à morte do tenente-coronel Dávila, que supostamente teria a ver com o interrogatório ilegal de Meza em um escritório do palácio presidencial, o Ministério Púbico convocou para prestar depoimento o advogado Miguel Ángel del Río e o coronel Carlos Alberto Feria Buitrago, chefe do Casa Militar da Presidência.
“As diligências acontecerão no dia 15 de junho e fazem parte dos autos de investigação definidos pela morte do tenente-coronel Óscar Dávila Torres, ocorrida no dia 9 de junho”, acrescentou o Ministério Público.
O corpo de Dávila foi encontrado com um tiro na cabeça na noite de sexta-feira dentro de seu veículo em Bogotá e as autoridades ainda investigam as causas da morte, embora Petro tenha garantido no sábado que se tratou de um suicídio.
O MP da Colômbia também convocou o coronel Feria, o capitão Elkin Augusto Gómez e o prefeito Jhon Alexander Sacristán Bohórquez em 21 de junho para explicar “o possível uso irregular do polígrafo a serviço da presidência” no interrogatório de Meza, “para apurar se foram configurados os crimes de abuso de autoridade e peculato, entre outros”.
Os procuradores interrogarão também o capitão Carlos Andrés Correa Loaiza “pela interceptação ilegal das linhas da ex-babá” e de outra funcionária do serviço doméstico, a fim de esclarecer o roubo do dinheiro de Sarabia.
Após o suposto furto de dinheiro, os telefones da babá e de outra empregada doméstica foram interceptados ilegalmente pela polícia, usando como fachada uma investigação contra a quadrilha Clã do Golfo no departamento de Chocó, no oeste do país.
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