Por Agência EFE
Centenas de motoristas que trabalham com aplicativos como Uber e Cabify se reuniram nesta quinta-feira (27) em Madri, em frente ao Ministério das Obras Públicas da Espanha, para protestar contra o decreto que o governo deve aprovar amanhã para regulamentar o setor, no qual competem com os taxistas.
Esses motoristas fecharam o trânsito no Paseo de la Castellana, a principal via de Madri, que corta a capital espanhola de norte a sul.
Eles pedem que toda nova lei que regulamente seu setor tenha o consenso de todas as partes envolvidas e seus protestos se estenderam ao fato de não serem informados do conteúdo do novo texto da legislação, que vai fazer mudanças no exercício de sua atividade.
O presidente do Unauto VTC — sindicato que representa motoristas de aplicativos —, Eduardo Martín, disse na manifestação que, a menos de 24 horas para a aprovação de um decreto-lei sobre os apps de transporte, ainda não lhe mostraram a minuta do documento.
O secretário-geral da Federação de Transporte do sindicato UGT, Antonio Oviedo, disse à Agência EFE que a maioria dos motoristas está “em risco de exclusão social, têm mais de 45 ou 50 anos, estão sem emprego e encontraram um trabalho neste setor”.
Oviedo está convencido de que taxistas e motoristas autônomos “podem conviver perfeitamente”, ressaltando que por trás de Cabify e Uber “há rostos e olhos, trabalhadores com uma reivindicação justa”.
A disputa entre o setor de táxis e de motoristas de aplicativos tem sua origem no número de licenças concedidas a estes últimos, que aumentaram recentemente e que os taxistas pedem que sejam reduzidas.
Em julho, em plena temporada turística, os taxistas espanhóis fizeram uma greve para exigir que o setor fosse regulamentado.
Após este conflito, os representantes dos motoristas de aplicativos aceitaram participar de uma comissão de diálogo com o setor de táxis, a fim de estudar uma solução para o problema, e o governo se comprometeu a regulamentar a concessão de licenças.
Os taxistas pedem que a regularização dos carros de Uber e Cabify saia das mãos do governo central e fique a cargo das comunidades autônomas (regiões) e dos municípios, que são os que lidam com os problemas de tráfego, mobilidade e meio ambiente.
Por outro lado, os representantes dos motoristas de aplicativos temem que o novo decreto acabe com sua atividade ou a torne limitada a ponto de retirá-los das grandes cidades, o que deixaria sem renda cerca de 15 mil trabalhadores.