O presidente e o ministro das Relações Exteriores da Rússia enviaram mensagens de condolências a Teerã depois que seus colegas iranianos foram mortos em um acidente de helicóptero.
Na noite de 19 de maio, o presidente iraniano Ebrahim Raisi e o ministro das Relações Exteriores, Hossein Amir-Abdollahian, morreram quando o helicóptero em que estavam caiu na província do Azerbaijão Oriental, no Irã.
De acordo com relatos da mídia iraniana, outras sete pessoas — incluindo o governador regional da província — também morreram no acidente, cujas causas ainda não estão claras.
Em comunicado, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, expressou o “profundo pesar” de Moscou pelo incidente.
“Expressamos nossas sinceras condolências às famílias dos falecidos e a toda a nação amiga do Irã”, disse Lavrov.
Ele descreveu Raisi, 63 anos, e Amir-Abdollahian, 60 anos, como “verdadeiros amigos” da Rússia que desempenharam papéis importantes no fortalecimento das relações entre os dois países.
Nos últimos anos, Rússia e Irã — ambos alvos de sanções implacáveis lideradas pelo Ocidente — se aproximaram cada vez mais, especialmente em termos de segurança.
Os dois países cooperam de perto na Síria, onde ambos mantêm forças para apoiar Damasco contra o que consideram “grupos terroristas apoiados por estrangeiros”.
O Ocidente, por sua vez, acusa a Rússia de usar “drones suicidas” fabricados no Irã em sua invasão contínua do leste da Ucrânia — uma acusação que Moscou nega.
Relação crescente
Durante a busca pelo helicóptero de Raisi após o acidente, o presidente russo Vladimir Putin ofereceu enviar aeronaves e montanhistas para ajudar nos esforços de resgate.
Em sua própria nota de condolências, publicada no site do Kremlin, Putin descreveu seu colega iraniano como um “homem notável” com quem se encontrou em “diversas ocasiões”.
Ele também elogiou o líder iraniano por sua contribuição para o “desenvolvimento de relações de boa vizinhança entre nossos países e seus grandes esforços para elevá-las ao nível de parceria estratégica”.
Putin se encontrou pessoalmente com Raisi cinco vezes desde que este assumiu a presidência do Irã em 2021.
O último encontro foi em dezembro, quando Raisi visitou Moscou para discutir a ofensiva contínua de Israel na Faixa de Gaza com o líder russo.
Na época, o porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, descreveu a “crescente relação de defesa” entre os dois países como “preocupante”.
No final de 2022, os líderes russo e iraniano se encontraram no Uzbequistão para uma cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (SCO), um formidável bloco de estados da Eurásia liderado por Moscou e Pequim.
Em julho passado, o Irã tornou-se membro efetivo da SCO, cujos outros membros incluem Paquistão, Índia e quatro repúblicas da Ásia Central.
Em mais um sinal de estreitamento de laços, o Irã ingressou formalmente no grupo BRICS de nações — juntamente com Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos — no início deste ano.
Estabelecido em 2010, o BRICS é uma organização intergovernamental originalmente composta por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Antes de sua morte inesperada, Raisi estava programado para participar de uma importante cúpula do BRICS que acabou de terminar na cidade russa de Kazan.
“Estamos fazendo todos os esforços para garantir que o sr. Raisi, como presidente do Irã e novo membro do BRICS, participe da cúpula no país amigo da Rússia”, disse Kazem Jalali, embaixador do Irã em Moscou, a repórteres na semana passada.
Por meses, Moscou e Teerã vêm realizando conversas com o objetivo de forjar uma “parceria estratégica” entre seus dois países. Alexey Dedov, embaixador da Rússia no Irã, disse que um acordo preliminar com esse efeito estava em suas etapas finais e em breve seria assinado por ambas as partes.
Os termos do acordo permanecem desconhecidos, mas Dedov disse que o acordo — se assinado — “determinaria a interação Rússia-Irã para os próximos anos, talvez décadas”.
“Estamos falando de um novo acordo interestadual, uma parceria estratégica abrangente entre nossos dois países”, disse ele à agência de notícias Sputnik da Rússia.
No final de março, Jalali, o enviado de Teerã a Moscou, disse que o acordo de parceria estratégica provavelmente seria assinado ainda este ano.
“Esperamos que este documento seja assinado em 2024”, disse ele à Sputnik.
“O mais importante é ter este documento elaborado”, acrescentou o diplomata.
De acordo com Sergey Ryabkov, vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, o desenvolvimento contínuo dos laços bilaterais não será afetado pela morte de Raisi.
“Reafirmamos nosso compromisso com a cooperação estreita e profunda [com o Irã] tanto em questões bilaterais quanto internacionais”, disse Ryabkov a repórteres em 20 de maio.
Ele enfatizou que os dois países continuarão a desenvolver gradualmente seus laços bilaterais, especialmente em termos de “fortalecimento da segurança”.