O ex-presidente boliviano Evo Morales pediu nesta segunda-feira (28) ao atual mandatário, Luis Arce, que demita e processe dois de seus ministros, os quais ele acusa de tentar “matá-lo” em um ataque armado na manhã de domingo.
“Se Luis Arce não deu ordens para nos matar, ele deve imediatamente demitir e processar seus ministros da Defesa e de Governo, Edmundo Novillo e Eduardo Del Castillo”, escreveu Morales na rede social X.
Líder do partido governista Movimento ao Socialismo (MAS), Morales disse que o veículo em que viajava foi alvejado 14 vezes e que seu motorista foi ferido na cabeça.
No dia anterior, Morales acusou Luis Arce do suposto ataque e, em entrevista à Agência EFE em setembro, garantiu que o governo tinha quatro planos para impedi-lo de se tornar candidato à presidência, incluindo “matá-lo”.
O ataque ao veículo de Morales ocorreu em meio a bloqueios de estradas por parte de seus partidários no centro do país, que há 15 dias exercem pressão em defesa do ex-presidente diante de um possível mandado de prisão por uma investigação de tráfico de pessoas e estupro.
Por sua vez, Arce, que está afastado de Morales desde 2021 devido a uma luta pelo controle do partido governista MAS e do Executivo, ordenou uma investigação sobre os acontecimentos.
“O exercício de qualquer prática violenta na política deve ser condenado e esclarecido. Não é procurando os mortos que os problemas são resolvidos, nem com especulações tendenciosas”, disse Arce.
O mandatário também informou que, “em vista da denúncia feita pelo ex-presidente Morales de um suposto atentado contra sua vida”, ordenou “uma investigação imediata e completa para esclarecer esse fato”.
O líder do MAS insistiu que há um plano para impedi-lo de ser candidato às eleições de 2025, apesar da proibição constitucional de reeleição indefinida na Bolívia, que o desqualificaria para concorrer às eleições.
“As mentiras organizadas pelo governo e sua mídia paga ainda estão tentando desviar a verdade sobre o ataque criminoso que sofremos neste domingo no Trópico, do qual, graças a Deus, conseguimos salvar nossas vidas. Agora ninguém duvida que o ataque foi perpetrado por um grupo de elite de militares e policiais”, disse Morales em sua publicação.
São esperadas para esta segunda-feira manifestações contra o governo por parte de setores simpatizantes de Morales pela suposta “tentativa de assassinato”.
Da mesma forma, em cidades como La Paz, Cochabamba e Santa Cruz, o combustível e alguns produtos de uso diário estão se tornando escassos devido aos bloqueios de estradas por parte dos partidários de Morales, e os setores sociais e de vizinhança pediram a organização de um movimento civil para suspender os bloqueios à força se o governo boliviano não intervier logo.