O ex-presidente boliviano Evo Morales disse nesta terça-feira (29) que suas declarações sobre o suposto ataque armado que sofreu no domingo foram distorcidas, porque ele não fala espanhol perfeitamente, e insistiu que não estava armado, nem atirou contra a polícia, como defende o governo do presidente do país, Luis Arce.
Em entrevista à rádio Kawsachun Coca, dos plantadores de coca, Morales acusou o ministro do Governo (Interior), Eduardo del Castillo, de contar “mentiras” sobre os fatos de domingo.
“Ele (Del Castillo) sabe que está mentindo, por isso levou tantas horas para mentir. Agora sou eu quem tem a arma, quem disparou os tiros. Agora a vítima é culpada, a vítima é o autor do crime. Quem na Bolívia pode acreditar (nisso), quem no mundo pode acreditar (nisso)? A pior mentira”, declarou Morales.
Ele também afirmou que “nunca” disse que atirou contra a polícia e indicou que havia sido mal interpretado.
“Eu tenho um problema, nós, aimarás e quíchuas, não falamos perfeitamente o espanhol, essa é a nossa fraqueza”, disse o político, cuja língua materna é o aimará.
De acordo com o também líder do partido Movimento ao Socialismo (MAS), “a verdade se impõe, mais cedo ou mais tarde a verdade será conhecida”. Ele afirmou que é “totalmente falso” que ele tenha disparado um tiro ou que estivesse armado.
Ele denunciou que na madrugada de domingo o veículo em que viajava foi alvejado pelo menos 14 vezes e que seu motorista foi ferido na cabeça.
Morales, que se distanciou de Arce, também acusou o presidente de planejar a operação policial – cujo objetivo, segundo ele, seria matá-lo – com dois de seus ministros, incluindo Del Castillo.
Del Castillo disse na segunda-feira que o veículo em que Morales estava tentou evitar um posto de fiscalização de drogas, que o carro atropelou um agente e que a polícia foi alvejada durante a fuga.
Em mensagem na rede social X (ex-Twitter), Morales acusou diretamente Del Castillo de ser “responsável pela tentativa de assassinato perpetrada no último domingo” e garantiu que o ministro “organizou e ordenou a operação”.
Morales também reiterou sua exigência de uma “investigação internacional e independente por parte de organizações” como Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba) e Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).
O incidente aconteceu no momento em que partidários de Morales mantêm um bloqueio de rodovias há 16 dias a fim de exigir a retirada dos processos na Justiça por estupro e tráfico de pessoas contra o ex-presidente.
Eles também querem uma solução para a situação econômica do país e defendem a candidatura de Morales para a presidência da Bolívia.