Por Agência EFE
O presidente da Guatemala, Jimmy Morales, acusou nesta terça-feira (25), durante discurso na Assembleia Geral da ONU, a Comissão Internacional Contra a Impunidade na Guatemala (Cicig) de montar um “sistema de terror” no país.
“A Cicig chegou a ser uma ameaça para a paz da Guatemala. Ela montou um sistema de terror no qual quem pensa diferente é perseguido, investigado, acusado”, afirmou Morales no discurso.
O presidente guatemalteco ainda destacou que o país vive o maior clima de polarização desde o conflito armado da década de 1980. Apesar disso, Morales ressaltou que a Guatemala não quer mais enfrentamentos, mas sim paz e justiça.
Morales explicou que decidiu não renovar o mandato para que a Cicig seguisse atuando no país porque o órgão teria violado a Constituição e o acordo que estabeleceu sua criação. Para ele, a Cicig manipulou a justiça e ignorou a presunção de inocência.
O presidente guatemalteco também acusou o órgão de ser ideologicamente tendencioso e afirmou que grupos extremistas se aproveitaram da luta contra a corrupção para promover “perseguições seletivas”.
“Infelizmente a Cicig se perdeu na burocracia da ONU e no culto à pessoa que, por princípio, nunca deve ser maior que a instituição a qual ela representa”, afirmou Morales, sem citar nomes.
Por outro lado, o presidente da Guatemala criticou o secretário-geral da ONU, António Guterres, pela “indiferença e passividade” diante das acusações feitas por ele sobre a Cicig. Os dois devem se reunir ainda nesta terça-feira, em Nova Iorque.
O conflito entre Morales e a ONU começou em 2015, quando o Ministério Público da Guatemala e a Cicig começaram a investigar um esquema de corrupção que envolvia várias figuras políticas importantes do país. O ex-presidente Otto Peréz Molina e a ex-vice-presidente Roxana Baldetti foram presos preventivamente acusados de envolvimento no caso.
As investigações, porém, também chegaram ao irmão de Morales, Sammy, e ao filho do presidente, José Manuel, que ainda serão julgados após serem acusados de fraudar os cofres públicos.
Além disso, o Ministério Público e o Cicig pediram que o foro privilegiado de Morales fosse retirado para que pudessem investigar um crime de financiamento eleitoral ilegal cometido durante a campanha que o levou ao poder em 2015. O presidente nega as acusações.