“Míssil se desintegrou após reentrada”, afirma oficial dos EUA

04/12/2017 21:33 Atualizado: 04/12/2017 21:33

O míssil que a Coreia do Norte afirmou ser capaz de alcançar alvos em qualquer lugar nos Estados Unidos provavelmente se desintegrou quando voltou a entrar na atmosfera terrestre, afirmou um oficial norte-americano no sábado (2), conforme noticiado pela Fox.

O oficial também informou que as nações aliadas dos Estados Unidos estão realizando uma busca para recuperar o que resta da ogiva após sua queda no mar perto da costa japonesa na quarta-feira (29).

O comunicado sugere que, mesmo que o míssil pudesse chegar ao continente norte-americano, ele se fragmentaria em sua trajetória descendente e não conseguiria atingir seu objetivo.

A notícia, aparentemente alentadora, chega em meio às preocupações sobre a capacidade de ataque nuclear da Coreia do Norte, já que a nação, apesar de ter sido proibida, depois de um hiato de dois meses retomou os testes de armas balísticas com o lançamento de seu “ICBM mais poderoso” até à data, conhecido como Hwasong-15.

“O sistema de armas do tipo ICBM Hwasong-15 é um míssil balístico intercontinental com uma ogiva pesada super-grande, capaz de atingir todo o território dos Estados Unidos”, declarou no dia 29 de novembro a Agência Central de Notícias da Coreia do Norte (KCNA), porta-voz do Partido Comunista daquele país. De acordo com a mídia norte-coreana, o ICBM voou por 53 minutos e atingiu alturas de quase 4.500 quilômetros (2.800 milhas).

Embora uma análise técnica do voo do míssil ainda não tenha sido finalizada, o oficial norte-americano assinalou que ele teve “problemas com a reentrada”.

Segundo a Fox, a inteligência militar sul-coreana realizou uma avaliação do lançamento do teste balístico e transmitiu suas conclusões aos Estados Unidos.

O presidente sul-coreano Moon Jae-in, segundo informações, repassou ao presidente Donald Trump informações atualizadas sobre o assunto por telefone na quinta-feira (30) à noite.

O escritório do presidente sul-coreano em Seul anunciou na sexta-feira (1º) que os dois líderes reafirmaram seu compromisso de aumentar a pressão e as sanções contra a Coreia do Norte para conter as ambições nucleares do regime.

O Ministério da Defesa da Coreia do Sul declarou na sexta-feira que o míssil Hwasong-15 é potencialmente capaz de atacar alvos até a distância de 13 mil quilômetros (8.100 milhas), colocando Washington ao alcance da mão.

O míssil Hwasong-15 ICBM da Coreia do Norte alcançou uma altitude de 4.474km e percorreu 950km durante seu voo de 53 minutos (KCNA)
O míssil Hwasong-15 ICBM da Coreia do Norte alcançou uma altitude de 4.474km e percorreu 950km durante seu voo de 53 minutos (KCNA)

Apesar das revelações sobre a desintegração do míssil movido a combustível líquido de duas etapas, este último avanço no programa de armas nucleares da Coreia do Norte é igualmente preocupante, pois demonstra a existência de uma habilidade que o regime não possuía anteriormente. Também sinaliza a intenção de Pyongyang de desenvolver armas capazes de atacar os Estados Unidos.

Embora Kim Jong-un tenha ameaçado o continente norte-americano com armas nucleares durante vários meses em várias ocasiões, especialistas em inteligência civil e militar afirmaram que o regime não tinha capacidade para lançar uma ogiva nuclear de maneira efetiva. No entanto, parece que agora isso mudou.

Após o teste de mísseis ICBM em 27 de novembro, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Jim Mattis, enfatizou que os mísseis desenvolvidos pela Coreia do Norte “poderiam ameaçar o mundo inteiro”.

Pyongyang admitiu que está usando seu programa de armas nucleares para pressionar os Estados Unidos e proteger seu regime. Após uma viagem de 12 dias pela Ásia, falando da Casa Branca, Trump anunciou no dia 15 de novembro: “Não permitiremos que essa distorcida ditadura mantenha o mundo refém de uma chantagem nuclear”.

Desde que assumiu o cargo em janeiro, o presidente norte-americano adotou uma abordagem diferente das administrações anteriores sobre a questão da Coreia do Norte.

O secretário de Estado Rex Tillerson (esq.) e o secretário de Defesa dos EUA, Jim Mattis, chegam para uma audiência da Comissão de Relações Exteriores do Senado em 30 de outubro de 2017 (Drew Angererer/Getty Images)
O secretário de Estado Rex Tillerson (esq.) e o secretário de Defesa dos EUA, Jim Mattis, chegam para uma audiência da Comissão de Relações Exteriores do Senado em 30 de outubro de 2017 (Drew Angererer/Getty Images)

Trump prometeu que não aceitará que o regime comunista ponha em perigo a vida e os interesses americanos. Ele enfatizou que a única solução para a crise é uma desnuclearização completa do país asiático.

Para pressionar a Coreia do Norte, o presidente dos Estados Unidos ameaçou usar força militar se os Estados Unidos ou seus aliados forem ameaçados. Ele prometeu fortalecer as forças armadas de seu país e fez acordos com aliados americanos na região para vender-lhes equipamentos militares americanos de alta qualidade.

Além disso, Trump pressionou a China e a Rússia para que ajudem a resolver a situação da Coreia do Norte.

Sul-coreanos assistem a uma transmissão de TV sobre o último lançamento de mísseis da Coreia do Norte em uma estação ferroviária de Seul em 29 de novembro de 2017 (Chung Sung-Jun/Getty Images)
Sul-coreanos assistem a uma transmissão de TV sobre o último lançamento de mísseis da Coreia do Norte em uma estação ferroviária de Seul em 29 de novembro de 2017 (Chung Sung-Jun/Getty Images)

O presidente norte-americano conversou durante horas pessoalmente com o líder chinês Xi Jinping durante sua visita a Pequim no início de novembro.

Na quinta-feira (30), Trump afirmou que um enviado da China para a Coreia do Norte pouco depois da reunião não havia produzido nenhum resultado.

“O enviado chinês que acabou de voltar da Coreia do Norte parece não ter causado nenhum impacto no ‘pequeno homem foguete’, escreveu Trump em seu Twitter.

“É difícil acreditar que seu povo e os militares possam suportar viver em condições tão horríveis. Rússia e China condenaram o lançamento”, acrescentou.

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