O Ministério Público (MP) da Venezuela convocou para a próxima segunda-feira o líder opositor Edmundo González Urrutia para uma investigação contra ele, devido a uma suposta “conspiração” e outros crimes associados à denúncia de fraude eleitoral feita pela oposição, informou neste sábado (24) o procurador-geral Tarek William Saab.
Segundo a convocação, o líder opositor deverá comparecer a uma “representação fiscal” do MP em Caracas no dia 26 de agosto, às 10h00 no horário local (14h00 GMT), como parte de uma investigação pela “alegada prática dos crimes de usurpação de funções, falsificação de documento público, instigação à desobediência das leis, crimes informáticos, associação para delinquir e conspiração”.
A Promotoria está investigando o site onde a principal coalizão opositora – a Plataforma Unitária Democrática (PUD) – afirma ter publicado “83,5% das atas” das eleições presidenciais de 28 de julho, onde conforme os dados apresentados, Edmundo González Urrutia foi o vencedor.
“Deverá comparecer perante esta representação fiscal do Ministério Público (…) no dia 26 de agosto de 2024, às 10h00 da manhã, para prestar depoimento em relação aos fatos que este escritório está investigando, relacionados à publicação e manutenção do site https://resultadosconvzla.com”, diz a citação.
Na sexta-feira, Tarek William Saab antecipou que Edmundo González Urrutia seria convocado para “falar, de maneira consequencial e sucessiva, sobre sua responsabilidade antes, durante e após o dia 28 de julho, por sua contumácia e desobediência às autoridades”.
Em um discurso transmitido pelo canal estatal VTV, o procurador afirmou que espera que o opositor “preste depoimento sobre sua autoria” na publicação desses dados, o que, segundo ele, “usurpou” uma função “que cabe exclusivamente” ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE), órgão que faz parte do regime de Maduro e que ainda não publicou os resultados detalhados que confirmem a anunciada vitória de Maduro nas urnas.
Além disso, o fiscal afirmou que o líder da PUD “não dá as caras” e “não se sabe onde está”, em referência à decisão de González Urrutia de permanecer “em resguardo” diante das ameaças do chavismo, que tem pedido prisão para ele e para sua principal aliada, María Corina Machado.
Este anúncio do procurador ocorreu um dia depois de o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) ter confirmado a vitória de Maduro, o que foi rejeitado por diversos países que pedem às autoridades venezuelanas que publiquem os resultados desagregados, conforme estabelecido no cronograma.