Militar chileno condenado pela morte de Víctor Jara se suicida para evitar prisão

Por Agência de Notícias
31/08/2023 17:37 Atualizado: 31/08/2023 17:45

O brigadeiro reformado do Exército chileno, Hernán Carlos Chacón Soto, um dos sete oficiais condenados a 25 anos de prisão na segunda-feira (28) pelo Supremo Tribunal do Chile, suicidou-se momentos antes de ser preso e conduzido para o presídio de Puntateuco. Soto foi condenado por participação na tortura e assassinato do cantor e compositor Víctor Jara e de Littré Quiroga, em 1973,

Segundo a imprensa local, unidades da seção de direitos humanos das forças de segurança chilenas apareceram esta manhã em sua casa, na comuna de Las Condes, na capital, para prendê-lo, instante em que o oficial, de 86 anos, pediu para tomar alguns remédios e aproveitou o momento para tirar a própria vida.

A defesa de Chacón Soto sustentou ao longo do processo que o oficial era, naqueles dias de repressão após o golpe de Estado liderado por Augusto Pinochet e outros comandantes superiores, um simples major do Exército que cumpria apenas a função de guardar o perímetro externo do Estádio Nacional do Chile, em Santiago, um complexo esportivo fechado onde cerca de 5 mil pessoas detidas até 11 de setembro de 1973 e onde cinco dias depois Jara foi assassinado.

No entanto, a sentença anunciada ontem afirmava que ele tinha conhecimentos táticos e de inteligência, “condições que lhe permitiam intervir diretamente no desenvolvimento dos interrogatórios” que se realizavam nos vestiários, “bem como no processo prévio de classificação dos detidos”.

De acordo com o argumento, ele participou da decisão de quem seria separado para ser levado para interrogatório e, por fim, “do destino final destes, sendo de toda evidência que dentro do Estádio Nacional havia uma ordem imposta pela estrutura rígida do comando existente”.

“Vários depoimentos concordaram que ele participou nos trabalhos de seleção, reportando o mesmo aos seus superiores, pelo que as suas declarações não foram credíveis nem plausíveis na medida em que sustentou que apenas tinha guardado o perímetro externo do recinto, funções que não são consistentes com a sua elevada patente, nem com os diversos elementos de convicção reunidos”, acrescenta a sentença, que conclui:

“Na ocasião, portava uma pistola Steyr calibre 9 milímetros, arma totalmente condizentes com a descrição técnica dos ferimentos que, segundo os registros forenses, causaram a morte de Víctor Jara Martínez e Littré Quiroga”.

Edição: Renato Pernambucano

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