Milhares de críticos a restrições por pandemia se concentram em Berlim

29/08/2020 18:47 Atualizado: 29/08/2020 18:47

Por EFE

Berlim, 29 ago – Dezenas de milhares de manifestantes contra as restrições impostas pelas autoridades para tentar conter a propagação do novo coronavírus se reuniram em torno do Obelisco da Vitória em Berlim, depois que a polícia rompeu uma grande marcha convocada para este sábado e em meio a polêmicas envolvendo grupos de extrema direita.

Na avenida 17 de Junho, entre o Obelisco e o emblemático Portão de Brandemburgo, cerca de 30 mil pessoas se reuniram – segundo estimativas da polícia – em uma atmosfera principalmente festiva, enquanto nas proximidades do Reichstag houve alguns confrontos com a tropa de choque.

A polícia, que tinha preparado uma equipe de 3 mil policiais para o dia, tinha isolado o prédio do parlamento, mas cerca de 100 pessoas removeram a proteção, o que levou aos primeiros distúrbios.

Houve também enfrentamentos ao lado da embaixada russa, lideradas por grupos de ultradireitistas, enquanto a polícia prosseguia na tentativa de acalmar os ânimos os manifestantes. Os agentes ameaçaram deter os que não cumpriram a obrigação de usar máscaras e manter o distanciamento social.

Já pela manhã, a polícia de Berlim havia coibido a primeira manifestação do dia, com cerca de 18 mil participantes, diante de evidências de desrespeito deliberado pelas medidas de restrição estabelecidas.

O apelo deste sábado, como aconteceu em sucessivas marchas contra as restrições desde o final de julho, reuniu tanto defensores de teorias conspiratórias e antivacinas quanto pessoas que consideram que sua liberdade de movimento foi violada, assim como ultradireitistas e negadores do Holocausto.

A mobilização tinha sido inicialmente vetada pelas autoridades regionais da cidade-estado de Berlim e também pela polícia, mas foi finalmente autorizada pelo Tribunal Administrativo de Berlim, apesar de estar condicionada ao respeito de algumas condições.

O chefe do departamento interior do governo regional de Berlim, Andreas Geisel, tinha justificado seu veto com o argumento de que o direito de manifestação não significa o direito de infringir a lei.

A chanceler alemã, Angela Merkel, havia expressado sua compreensão do veto, apesar de reconhecer o direito de manifestação e também o direito dos convocadores de protestar contra ela.

Já estava claro na véspera que as medidas de higiene acordadas não seriam respeitadas. Cerca de 1,5 mil manifestantes, na sua maioria sem máscara, se reuniram nesta sexta-feira em frente ao Portão de Brandemburgo com uma ação preliminar.

Apesar da natureza diversificada das marchas, a maioria da opinião alemã apoia as restrições. De acordo com o último levantamento da emissora pública de televisão “ZDF”, 60% dos cidadãos os defendem, e alguns desses – 28% – inclusive acreditam que deveriam ser fortalecidos. Apenas 10% os consideram exagerados.

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