O Gabinete do Presidente da Argentina, Javier Milei, lembrou nesta quinta-feira do promotor Alberto Nisman, encontrado morto em sua casa há nove anos em circunstâncias que ainda não foram totalmente esclarecidas, e se referiu ao incidente como um “homicídio”.
“Nove anos após seu homicídio, o Gabinete do Presidente lembra o legado do promotor Alberto Nisman, incansável defensor da justiça cujo compromisso de esclarecer o caso AMIA e fazer justiça para as vítimas e parentes do atentado continua sendo um exemplo para todos os argentinos hoje”, publicou o escritório nas redes sociais.
Nisman foi encontrado morto com um tiro na cabeça em sua casa no bairro nobre de Puerto Madero, em Buenos Aires, no dia 18 de janeiro de 2015.
O promotor planejava apresentar ao Congresso uma denúncia contra a então presidente da Argentina, Cristina Kirchner (2007-2015), por alegadamente acobertar suspeitos de terrorismo.
O promotor especial do caso que investiga o atentado a bomba de 1994 contra a sede da Associação Mutual Israelita-Argentina (AMIA), que deixou 85 mortos e mais de 300 feridos, denunciou Cristina e seu ministro das Relações Exteriores, Héctor Timerman – já falecido – e outros líderes kirchneristas por acobertarem cidadãos iranianos acusados do pior ataque terrorista da história da Argentina.
O “caso Nisman” – um verdadeiro quebra-cabeça que gerou séries de TV, horas de programas de televisão e dezenas de páginas em jornais argentinos – foi inicialmente investigado como suicídio e depois rotulado como homicídio.
Atualmente, cinco pessoas continuam sendo acusadas no caso que investiga a morte do promotor.
Dentro do atual governo, as posições sobre o “caso Nisman” têm sido diversas, com Milei aceitando a tese do homicídio em mais de uma ocasião em seus discursos parlamentares e na televisão.
O atual ministro da Justiça, Mariano Cúneo Libarona, declarou em 2017 que Nisman “não resistiu” e que “há dados que nos levam a crer que alguém não entrou por uma janela (para assassiná-lo)”, aproximando-se das suspeitas de que o promotor cometeu suicídio. Mais tarde, ele mesmo admitiu que, na época, não tinha pistas do contrário.
A ministra da Segurança, Patricia Bullrich, pediu nesta quinta-feira na rede social X (ex-Twitter) que a morte dele “não fique impune” e acrescentou que hoje, como tem feito nos últimos nove anos, continuará “junto com a Justiça na busca dos assassinos do promotor Nisman”.
Na época, Bullrich, então parlamentar, teve uma conversa por telefone com Nisman horas antes de sua morte, como ela teve que detalhar à Justiça, conforme reconheceu em entrevista.