O presidente da Argentina, Javier Milei, completou nesta quarta-feira um mês no poder, trabalhando na residência oficial da Quinta de Olivos, na província de Buenos Aires, onde realizou uma reunião com seus assessores mais próximos.
A secretária-geral da Presidência, sua irmã Karina Milei; o chefe de gabinete, Nicolás Posse; e o assessor Santiago Caputo foram à propriedade localizada ao norte da capital argentina para se reunir com o líder do partido de direita A Liberdade Avança em seu primeiro dia oficial de teletrabalho, depois de concluir na segunda-feira a mudança do hotel onde estava morando nos últimos meses.
O Executivo confirmou que Milei só trabalhará na Casa Rosada às terças e quintas-feiras para reuniões do gabinete ministerial, como foi o caso da última terça-feira. Na maior parte da semana realizará suas tarefas na residência presidencial.
O presidente venceu as eleições argentinas em 19 de novembro, no segundo turno, contra o candidato peronista, o então ministro da Economia, Sergio Massa.
Milei assumiu o cargo em 10 de dezembro, durante cerimônia realizada no Congresso Nacional, embora tenha feito seu discurso de posse em frente ao prédio para apoiadores que lotavam a praça.
O outsider político, que atraiu a atenção de argentinos e estrangeiros com seus discursos provocativos, sua aparência de astro do rock e seu jeito chocante – como exibir uma motosserra durante a campanha para explicar suas ideias sobre o que faria com as contas públicas – foi a surpresa das eleições PASO (primárias abertas, simultâneas e obrigatórias) realizadas em agosto.
No primeiro turno das eleições de outubro, Massa venceu, mas no segundo turno, Milei ganhou o apoio de muitos eleitores da coalizão de centro-direita Juntos pela Mudança, cuja candidata, Patricia Bullrich, ficou de fora da disputa e agora é membro do gabinete como ministra da Segurança.
Seu primeiro mês como presidente foi marcado por uma hiperatividade reformista sem precedentes, que de momento foi recebida com duras críticas, mas quase não teve efeito sobre o cenário político, econômico e social incerto do país.
Até o momento, apresentou dois pacotes de medidas controversas em um curto espaço de tempo.
O primeiro, o Decreto de Necessidade e Urgência (DNU), assinado em 20 de dezembro e em vigor desde 29, prevê a reforma de mais de 300 normas legais. Entre elas, permitirá a privatização de empresas estatais, revogará leis ambientais e abrirá as portas para as sociedades anônimas esportivas no futebol.
O segundo é o projeto de Lei de Bases e Pontos de Partida para a Liberdade dos Argentinos, que está sendo debatido no Congresso e que concederá “superpoderes” legislativos ao Executivo até o final de 2025, em virtude de uma emergência pública.