O presidente da Argentina, Javier Milei, anunciou na sexta-feira (21) a criação de um “Plano Nuclear Argentino”, com a tecnologia do país e o apoio da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), para impulsionar o desenvolvimento da inteligência artificial (IA), que demanda cada vez mais energia.
“Após décadas de declínio, a energia nuclear fará seu retorno triunfante e não apenas não ficaremos para trás, mas pretendemos ser pioneiros”, disse Milei em um discurso gravado, cercado por seu principal conselheiro e chefe do novo plano nuclear do país, Demian Reidel, e pelo diretor geral da AIEA, Rafael Grossi, também da Argentina.
“O potencial de desenvolvimento da IA é tão grande que a energia convencional não será suficiente para atender a essa nova demanda”, acrescentou.
Por sua vez, Reidel explicou que se trata de um “plano ambicioso que marca o renascimento da energia nuclear como pedra angular do futuro energético da Argentina e do mundo”, porque “em um contexto global em que a IA e os avanços tecnológicos exigem cada vez mais energia, a energia nuclear está novamente ocupando seu lugar de direito”.
“É uma fonte limpa, segura e, o mais importante, escalável”, enfatizou.
O assessor de Milei garantiu que a Argentina “está preparada para liderar essa evolução energética” e que “o fará com tecnologia 100% argentina”, desenvolvida pelos engenheiros nucleares do país, “reconhecidos entre os melhores do mundo”.
A Argentina tem três usinas nucleares, Atucha I, Atucha II e Embalse.
O governo de Milei criará o Conselho Nuclear Argentino, presidido por Reidel e composto pelo chefe de gabinete Guillermo Francos, pelo ministro da Defesa Luis Petri e pelo presidente da Comissão Nacional de Energia Atômica, Germán Guido Lavalle.
Em uma primeira etapa, um pequeno reator modular (SMR) – uma invenção argentina que oferece flexibilidade, custos iniciais mais baixos e a possibilidade de ser instalado em diferentes locais – será construído no local da Usina Nuclear de Atucha.
Em uma segunda etapa, as reservas de urânio da Argentina serão desenvolvidas para atender à demanda doméstica, e espera-se que o país se posicione como exportador de elementos combustíveis de alto valor agregado.
O plano nuclear argentino tem o apoio da AIEA, e Grossi descreveu que, em nível internacional, “estamos testemunhando um retorno muito claro ao uso da energia nuclear como uma fonte de energia limpa, despachável e confiável, em um momento em que há uma necessidade crescente de energia e problemas de natureza geoestratégica”.
Com esse plano, a Argentina pretende se posicionar como “líder mundial no uso pacífico da energia atômica, ao mesmo tempo em que avança em direção ao seu objetivo de se tornar um centro de IA”, disse Reidel.