O candidato à presidência da Argentina e favorito nas pesquisas, Javier Milei, acusou nesta quinta-feira o papa Francisco de ter afinidade com “comunistas assassinos” e de estar ao lado de “ditaduras sangrentas”.
“O papa faz política. Ele tem uma forte influência política. Ele também mostrou grande afinidade com ditadores como Castro e Maduro. Em outras palavras, ele está do lado de ditaduras sangrentas”, disse Milei em entrevista para o apresentador americano, Tucker Carlson, veiculada na rede social X (ex-Twitter).
Em espanhol, Milei reiterou que o pontífice não condena “os comunistas assassinos”.
“Ele é bastante condescendente com eles e também é condescendente com a ditadura venezuelana, com todos os da esquerda, mesmo que sejam verdadeiros criminosos, o que é um problema”, disse.
“Mas, também, ele é alguém que considera a justiça social um elemento central de sua visão, e isso é muito complicado, porque justiça social é roubar o fruto do trabalho de uma pessoa e dá-lo a outra”, acrescentou.
As críticas de Milei a Jorge Mario Bergoglio no passado até levaram um grupo de padres de bairros da classe trabalhadora em Buenos Aires neste mês a realizar uma missa em desagravo ao papa. Anteriormente, o candidato havia descrito Francisco como o “representante do maligno na Terra, ocupando o trono da casa de Deus”, e nesta quinta-feira elevou o tom.
A entrevista a Carlson foi concedida em Buenos Aires, e o candidato argentino disse que estava convicto do que estava fazendo: “A vida sem liberdade não vale a pena ser vivida”.
Milei atribuiu sua popularidade ao fato de ter sido jogador de futebol, roqueiro e economista. Uma combinação, na opinião dele, “atraente em termos de produto para a televisão” e que se somou ao fato de que a Argentina “é basicamente um país que vem adotando ideias socialistas há 100 anos, e a rebelião natural do sistema foi ser liberal”.
O candidato criticou o dogma de que “onde há uma necessidade nasce um direito”, “porque as necessidades são infinitas e os direitos têm de ser pagos por alguém e os recursos são finitos”, ressaltando que “toda ação estatal gera mais danos do que aqueles que pretende corrigir”.
Carlson considerou que a Argentina é agora um país “desesperado” e disse que entrevistou Milei para ver se todas as críticas recebidas pelo candidato no Ocidente, entre outras, de veículos de imprensa como o jornal “The New York Times”, são verdadeiras.
“Ele não parecia muito radical, mas julguem por si mesmos”, alegou o apresentador.
No programa de 33 minutos, o Milei revelou sua ideologia e falou sobre Donald Trump, que quer voltar à Casa Branca nas eleições de 2024.
“Deixe-o continuar sua luta contra o socialismo, porque ele é um dos poucos que entendeu completamente que a luta é contra o socialismo, que a geração de riqueza vem do setor privado. O Estado não cria riqueza, ele a destrói”, enfatizou.
Nas primárias de agosto, que definiram os candidatos para a eleição presidencial de outubro, Milei foi o mais votado entre todos os candidatos.
O partido dele, A Liberdade Avança, recebeu 30,17% dos votos, seguido pela principal coalizão de oposição, Juntos pela Mudança (centro-direita), com 28,25%, e a União Pela Pátria (peronista), com 27,15%.
“Sei que há muitas pessoas rezando por mim. Sinto-me bem”, disse Milei nesta quinta-feira, além de opinar que o socialismo “é sempre e em toda parte um fenômeno violento, assassino e empobrecedor”.
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