Mídia dá a Donald Trump cobertura presidencial mais negativa em 25 anos

12/12/2017 14:58 Atualizado: 12/12/2017 14:58

As alegações do presidente Donald Trump de que as organizações de mídia reportam negativamente sobre ele foram corroboradas por nova pesquisa realizada pelo Pew Research Center.

Uma análise de mais de 3.000 matérias jornalísticas durante os primeiros 100 dias de sua presidência em 24 diferentes organizações de mídia descobriu que a cobertura sobre Trump foi a mais negativa em comparação com outros presidentes nos últimos 25 anos.

A pesquisa mostra que apenas 5% das reportagens da mídia durante o período foram positivos. Sessenta e dois por cento das histórias eram negativos e 33% não eram nem positivos nem negativos.

Em comparação, a cobertura do presidente Barack Obama durante o mesmo período foi 42% positiva e 20% negativa. Para o presidente George W. Bush, o número foi 22% positivo e 28% negativo. E para o presidente Bill Clinton, 27% positivo e 28% negativo.

O estudo também revelou que a maior parte da cobertura da mídia sobre Trump enfocava seus traços de caráter e não a política.

Apenas 31% de todas as matérias publicadas sobre Trump foram focadas em questões políticas, em comparação com 50% para Obama, 65% para Bush e 58% para Clinton.

“As avaliações do presidente Trump foram muito mais negativas e menos positivas do que as de seus predecessores”, escreveu o Pew Research Center.

Temas dominantes

Cinco tópicos dominaram a cobertura de notícias, representando dois terços, durante o período avaliado pelo Pew Research Center, de 21 de janeiro a 30 de abril.

O principal tema abordado era as habilidades políticas de Trump (17%), seguidas pela imigração, uma das principais questões políticas de Trump (14%); indicações e nomeações presidenciais (13%); relações entre os EUA e a Rússia (13%); e cuidados de saúde (9%).

Desde que Trump ganhou a presidência em novembro, grande parte da cobertura da mídia procurou questionar a legitimidade de sua presidência, criando divisões na sociedade. A maioria das organizações de mídia informou extensivamente sobre as alegações de conluio entre a campanha de Trump e o governo russo.

No entanto, muitas das histórias dependeram fortemente de fontes anônimas da comunidade de inteligência, resultando em reportagens frequentemente errôneos.

Falando sob juramento perante o Comissão Seleta sobre Inteligência do Senado em 8 de junho, o ex-diretor do FBI, James Comey, desmentiu uma matéria de capa da edilão de 15 de fevereiro do The New York Times, que afirmou que os membros da campanha presidencial de Trump em 2016 “repetiram contatos com funcionários seniores da inteligência russa no ano antes da eleição”.

Na época, o Epoch Times notou muitas falhas na reportagem, que o New York Times usou para propagar uma narrativa de conluio.

Na audiência, o senador Tom Cotton (Rep.-Ark.) pressionou Comey sobre a matéria do New York Times, perguntando: “Será justo caracterizar essa história como quase inteiramente errada?”, ao que Comey respondeu: “Sim”.

Comey passou a desacreditar outras reportagens da mídia, que frequentemente citavam fontes anônimas de inteligência e governamentais para empurrar sua narrativa de que a campanha de Trump tramou com a Rússia para influenciar a eleição.

Inteligência do Senado dos EUA sobre a alegada interferência da Rússia nas eleições presidenciais dos Estados Unidos de 2016 no Capitólio em Washington em 8 de junho de 2017 (Brendan Smialowski/AFP/Getty Images)
Inteligência do Senado dos EUA sobre a alegada interferência da Rússia nas eleições presidenciais dos Estados Unidos de 2016 no Capitólio em Washington em 8 de junho de 2017 (Brendan Smialowski/AFP/Getty Images)

“Todos vocês sabem disso. Talvez o povo americano não”, disse Comey ao comitê do Senado. Ele disse que quando se trata de repórteres escrevendo histórias sobre informação classificada, “as pessoas que falam sobre isso geralmente não sabem o que está acontecendo”.

Ele disse que tem havido muitas histórias sobre as investigações sobre a Rússia “que estão simplesmente erradas”.

Divisões

O secretário de Estado, Rex Tillerson, respondeu a uma reportagem publicada pela NBC News em 4 de outubro que afirmava que Tillerson considerava renunciar.

Tillerson disse a repórteres em uma coletiva de imprensa não programada que a história era falsa e que ele nunca havia considerado renunciar. Ele também acusou as organizações de mídia de tentar dividir pessoas.

“Isto é o que não entendo sobre Washington. Eu não sou deste lugar. Mas nos lugares de onde eu venho, nós não lidamos com esse tipo de bobagem insignificante. Isso não se destina a nada a não ser a dividir as pessoas. Não vou fazer parte deste esforço para dividir esta gestão”, disse Tillerson.

Trump também refutou a NBC News sobre a matéria, escrevendo no Twitter que “Rex Tillerson nunca ameaçou renunciar. Esta é notícia falsa lançada pela NBC News”.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders, disse em 5 de outubro que, com as liberdades da Primeira Emenda (da Constituição dos Estados Unidos da América), também se assumem responsabilidades. “Você tem a responsabilidade de dizer a verdade, de ser preciso”, disse Sanders a jornalistas em resposta a uma pergunta sobre o assunto.

“Nós vimos informações recentes que dizem que apenas 5% da cobertura da mídia tem sido positiva sobre esse presidente e essa gestão, enquanto ao mesmo tempo você tem o mercado de ações e a confiança econômica em altas históricas”, disse ela.

“Francamente, esses são os problemas com que a maioria dos americanos se preocupam ─ não são muitas das coisas que você cobre, nem uma trivial intriga palaciana com que vocês gastam seu tempo. Eu acho que precisamos avançar para uma mídia noticiosa certamente mais justa, mais precisa e, francamente, mais responsável para com o povo americano.”

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