México: outubro foi mês mais violento nos últimos 20 anos

24/11/2017 17:24 Atualizado: 24/11/2017 17:24

Houve mais assassinatos em outubro no México do que em qualquer mês nos últimos 20 anos, de acordo com dados oficiais, no último marco sombrio de 2017, um ano em curso que já registra o maior recorde de homicídios desde que os registros modernos começaram no país.

O fracasso do presidente mexicano Enrique Pena Nieto em combater a crescente violência relacionada às drogas é visto como uma de suas grandes fraquezas as vésperas das eleições presidenciais de julho próximo, quando ele enfrentará uma batalha difícil para manter no poder seu centrista Partido Revolucionário Institucional (PRI).

Os dados, publicados pelo Ministério do Interior do México na segunda-feira, mostraram que foram realizadas 2.371 investigações de assassinatos em outubro.

Bombeiros e policiais trabalham na cena de um tiroteio em que oito supostos traficantes de drogas foram mortos a tiros por oficiais da Marinha mexicana em Tlahuac, Cidade do México, em 20 de julho de 2017 (Pedro Pardo/AFP/Getty Images)
Bombeiros e policiais trabalham na cena de um tiroteio em que oito supostos traficantes de drogas foram mortos a tiros por oficiais da Marinha mexicana em Tlahuac, Cidade do México, em 20 de julho de 2017 (Pedro Pardo/AFP/Getty Images)

Com 20.878 assassinatos em todo o país nos primeiros dez meses de 2017, este ano está no caminho para ultrapassar 2011 como o mais violento desde que o governo começou a publicar esses dados em 1997.

Houve uma média de 69 assassinatos por dia até agora este ano, o que pode indicar que o México ultrapassará o recorde de homicídios de 2011 antes do final de novembro. Em 2011, houve uma média de 63 assassinatos por dia, de acordo com cálculos da Reuters.

Num discurso no início deste mês, Pena Nieto reconheceu que o crime e a violência estavam aumentando. “É preciso dizer que ainda não estamos satisfeitos e ainda temos muito mais para alcançar”, disse ele. “A segurança precisa continuar a ser uma prioridade máxima do governo.”

Um parente coloca uma vela ao lado das marcas de sangue que permanecem no local onde o jornalista mexicano Candido Rios foi morto, em frente a um posto de gasolina em Hueyapan de Ocampo, no estado de Veracruz, México, em 23 de agosto de 2017 (Victoria Razo/AFP/Getty Images)
Um parente coloca uma vela ao lado das marcas de sangue que permanecem no local onde o jornalista mexicano Candido Rios foi morto, em frente a um posto de gasolina em Hueyapan de Ocampo, no estado de Veracruz, México, em 23 de agosto de 2017 (Victoria Razo/AFP/Getty Images)

No entanto, ele também acrescentou que certos setores da sociedade estão envolvidos em “assediar” as instituições mexicanas e menosprezar o trabalho da polícia e dos militares. Esses comentários foram ridiculizados online, onde muitos criticaram a crescente violência e a corrupção que mancham sua administração.

Somando-se as notícias ruins do governo impopular de Pena Nieto, Silvestre de la Toba, chefe da comissão de direitos humanos do estado de Baja California Sur, foi morto a tiros na segunda-feira. Seu assassinato atraiu críticas da embaixadora estadunidense no México Roberta Jacobson, que escreveu no Twitter que sua morte deveria ser seriamente investigada.

Baja California Sur, sede do popular resort Los Cabos, é um dos estados que viu o aumento mais acentuado em homicídios. Houve 409 nos primeiros 10 meses de 2017, um aumento de 178% em relação ao mesmo período do ano passado.