Mexicanos pedem justiça para os 43 estudantes que desapareceram em Ayotzinapa

Versão oficial afirma que os jovens foram entregues por policiais corruptos ao cartel Guerreros Unidos, que os executou

26/09/2018 21:46 Atualizado: 26/09/2018 21:46

Por Agência EFE

Milhares de pessoas foram às ruas da Cidade do México nesta quarta-feira (26) para exigir justiça para os 43 alunos da Escola Normal Rural de Ayotzinapa, no estado de Guerrero, que desapareceram há exatos quatro anos.

“Agradecemos ao esforço das pessoas que estão conosco porque essa é uma reivindicação importante. Se esse movimento fracassar, vencem os maus”, afirmou à Agência EFE Felipe de La Cruz, porta-voz dos pais dos desaparecidos, após constatar o sucesso da manifestação.

O protesto começou depois das 16h locais (18h em Brasília) e percorreu algumas das principais ruas do centro da capital mexicana.

Estudantes, professores e ativistas, entre outros, exigiam a volta dos desaparecidos gritando o lema dessa luta: “Vivos eles foram levados, vivos os queremos de volta”. Na frente da passeata, os familiares das vítimas usavam camisas com fotos dos 43 desaparecidos em um dos crimes que mais abalou o país.

Os manifestantes também criticavam o presidente do país, Enrique Peña Nieto, que deixará o cargo em dezembro, pela gestão do caso.

“O governo não esclareceu absolutamente nada, foi ineficaz. Eles estão indo embora, mas seguem tendo a culpa”, afirmou Alberto Vázquez, estudante de uma escola similar a de Ayotzinapa.

O protesto ocorreu depois de uma reunião dos familiares das vítimas com o presidente eleito do México, Andrés Manuel López Obrador, que prometeu criar uma comissão da verdade para esclarecer o que de fato ocorreu com os estudantes.

A versão oficial afirma que os jovens foram entregues por policiais corruptos ao cartel Guerreros Unidos, que os executou. Os corpos foram queimados em um aterro sanitário, e as cinzas jogadas em um rio da região onde fica a escola.

No entanto, organizações internacionais e especialistas estrangeiros criticam as investigações das autoridades locais e afirmam, com base em evidências científicas, que não havia como queimar os corpos no aterro.

O porta-voz das famílias afirmou à EFE que a reunião com López Obrador foi significativa porque o presidente eleito se portou de forma diferente.

“Com Peña Nieto sentíamos que havia diferenças entre o governo e o povo. Hoje pareceu uma reunião entre povo e povo”, comemorou De la Cruz, que espera que López Obrador mantenha os compromissos assumidos com os familiares das vítimas hoje.

(Rodrigo Arangua/AFP/Getty Images)
(Rodrigo Arangua/AFP/Getty Images)