Por Tom Ozimek
Os mercados de ações europeus e russos subiram enquanto os preços do petróleo recuaram na manhã de terça-feira, após autoridades russas declararem que algumas das tropas do país estavam sendo devolvidas às bases após exercícios perto da fronteira com a Ucrânia, com os mercados recebendo a declaração como um sinal de que um conflito militar pode ser evitado.
“As unidades dos distritos militares do sul e do oeste, tendo completado suas tarefas, já começaram o carregamento no transporte ferroviário e rodoviário e começarão a se deslocar para suas guarnições militares hoje”, afirmou o porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, Igor Konashenkov, em comunicado.
O anúncio veio após semanas de tensões elevadas, enquanto líderes ocidentais alertavam que as forças russas estavam prontas para uma invasão iminente da vizinha Ucrânia.
Após a declaração sobre a retirada das tropas, o índice STOXX de 600 empresas europeias subiu 5,19 pontos, ou 1,1 por cento, para 466,14 pontos, às 4h49, horário de Nova Iorque.
O índice alemão DAX subiu 211,68 pontos, ou 1,4 por cento, o FTSE 100 de Londres subiu 49,5 pontos, ou 0,66 por cento, e o francês CAC 40 avançou 77,09 pontos, ou 1,13 por cento.
A referência global de petróleo, Brent Crude, caiu US $1,82 por barril, ou 1,9%, para US $93,88.
O rublo russo saltou 1,14 por cento em relação ao dólar americano, enquanto o índice RTSI de 50 empresas russas listadas na Bolsa de Moscou subiu 75,36 pontos, ou 5,28 por cento, para 1.501,45.
Embora não esteja claro quantas tropas a Rússia está retirando, Konashenkov sugeriu que outras unidades russas estacionadas perto da fronteira com a Ucrânia seguiriam o exemplo.
“Conforme as medidas de treinamento de combate forem concluídas, as tropas, como sempre, farão marchas de forma combinada até os pontos de implantação permanente”, declarou.
Sinais concretos de esperança de desescalada vieram na segunda-feira, quando o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, indicou que Moscou estava pronta para continuar conversas sobre as queixas de segurança que alimentaram a crise.
A Rússia, que reuniu cerca de 130.000 soldados perto de sua fronteira com a Ucrânia, negou repetidamente quaisquer planos de atacar o país e pediu aos Estados Unidos e seus aliados um compromisso vinculante de que não aceitarão a Ucrânia na OTAN. Moscou também quer que a aliança interrompa o envio de armas para a Ucrânia e recue suas forças da Europa Oriental.
As conversas “não podem continuar indefinidamente, mas sugiro que continuem e expandam neste estágio”, afirmou Lavrov em uma reunião feita para a TV com Putin que parecia destinada a transmitir ao mundo a posição do líder russo. Em seus comentários, Lavrov observou que Washington se ofereceu para discutir limites para a implementação de mísseis na Europa, restrições a exercícios militares e outras medidas de construção de confiança.
Apesar dos sinais de esperança, no entanto, os Estados Unidos e países europeus mantiveram seus alertas.
“O caminho para a diplomacia continua disponível se a Rússia optar por se envolver construtivamente”, afirmou a vice-secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre. “No entanto, estamos atentos às perspectivas disso, dadas as medidas que a Rússia está tomando no terreno à vista de todos”.
A secretária de Relações Exteriores britânica, Liz Truss, afirmou na terça-feira que o risco de invasão permanece, declarando à Sky News que “pode ser iminente”. Ela acrescentou que “ainda há tempo para Vladimir Putin se afastar do precipício”.
O ex-embaixador dos EUA na Ucrânia, Bill Taylor, relatou à MSNBC na segunda-feira que, se as forças russas invadirem a Ucrânia, o Ocidente responderá com “sanções econômicas muito dramáticas” a pessoas próximas ao presidente russo Vladimir Putin e, possivelmente, ao próprio Putin.
Taylor acrescentou que as sanções também teriam como alvo os três maiores bancos da Rússia, “e isso terá um efeito incrível na economia russa”, acrescentando que é “triste dizer, afetará cidadãos russos, o povo russo e não apenas Putin”.
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