Meloni condiciona “reequilíbrio” e compensações aos agricultores europeus para apoiar Mercosul-UE

Por Redação Epoch Times Brasil
18/12/2024 14:04 Atualizado: 18/12/2024 14:04

A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, afirmou na quarta-feira (18) que o país só apoiará o acordo de livre comércio entre o Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a União Europeia (UE) se forem estabelecidas compensações para os agricultores europeus, devido à concorrência de produtos sul-americanos com preços mais baixos.

A declaração foi dada em audiência no Senado italiano, um dia antes da reunião do Conselho Europeu, que ocorrerá na quinta-feira (19).

“Sobre o Mercosul, pedimos para saber o que a Comissão Europeia pretende fazer para compensar os desequilíbrios. […] Nossa decisão final está submetida a essa resposta”, discursou Meloni no Parlamento italiano.

A premiê afirmou que o tratado não terá o apoio da Itália caso não inclua medidas compensatórias para os agricultores da UE.

“O acordo UE-Mercosul deve, portanto, oferecer garantias concretas e oportunidades de crescimento aos agricultores europeus, cuja rentabilidade e competitividade foram prejudicadas nos últimos anos. […] Na ausência de um reequilíbrio, a Itália não estará a bordo”, enfatizou a primeira-ministra.

As falas foram respostas ao senador oposicionista e ex-premiê Matteo Renzi, que questionou se Meloni estava mais alinhada com o presidente da Argentina, Javier Milei, ou com a Coldiretti — principal confederação do setor agrícola italiano. “Eu estou sempre com a Itália”, contestou a premiê.

Meloni afirmou que, apesar de o acordo Mercosul-UE beneficiar alguns setores industriais da Itália, ele prejudicaria a agricultura, devido às normas ambientais e sanitárias mais rigorosas.

“Se impusermos regras extremamente restritivas e depois importarmos livremente de países que não têm as mesmas normas, vamos criar um desequilíbrio que depois vamos pagar”, destacou.

O acordo foi concluído em 6 de dezembro e segue para a fase de revisão legal e tradução, o que deve levar cerca de um ano. Após essa etapa, o tratado será submetido à assinatura das partes e, em seguida, à ratificação pelos blocos.

Na UE, será necessário o aval do Parlamento Europeu e do Conselho do bloco, onde o pacto poderá ser barrado se enfrentar a oposição de pelo menos quatro países que representem 35% da população do bloco.