May garante que é preciso chegar à “verdade” sobre caso Khashoggi

Morte do jornalista foi comparada com a tentativa de assassinato do ex-espião russo Sergei Skripal com a substância tóxica Novichok em março em Salisbury, no sul da Inglaterra

22/10/2018 22:47 Atualizado: 22/10/2018 22:47

Por Agência EFE

A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, disse nesta segunda-feira na Câmara dos Comuns do parlamento britânico que é preciso chegar à “verdade” sobre a morte do jornalista saudita Jamal Khashoggi no consulado do país árabe em Istambul, na Turquia, em 2 de outubro.

May manifestou sua “condenação” ao sucedido, antes que o ministro das Relações Exteriores, Jeremy Hunt, compareça à sede parlamentar nesta tarde para fazer uma declaração sobre o caso.

A Arábia Saudita afirmou no fim de semana que o jornalista morreu durante uma “briga” com funcionários da missão diplomática, mas veículos de imprensa turcos e americanos suspeitam que ele foi torturado e assassinado.

O ministro britânico para o Brexit, Dominic Raab, uniu-se ontem à desconfiança sobre a versão saudita dos fatos e disse que a explicação não era “crível”.

“Não acredito que seja crível”, disse Raab à emissora “BBC”. No entanto, o ministro considerou que o Reino Unido não deve romper suas relações com Riad.

“Não vamos cortar nossa relação com a Arábia Saudita, não só pela enorme quantidade de postos de trabalho britânicos que dependem disso, mas porque, se você quer exercer influência sobre seus sócios, deve ser capaz de falar com eles”, afirmou Raab.

Por outro lado, o ex-ministro de Relações Exteriores, Boris Johnson, pediu hoje ao governo britânico que não faça “vista grossa” com o “assassinato” de Khashoggi, e também pressionou a Arábia Saudita a pôr fim à “brutal” guerra civil no Iêmen.

Em artigo publicado no “The Daily Telegraph”, o político conservador equiparou a morte do jornalista com a tentativa de assassinato do ex-espião russo Sergei Skripal com a substância tóxica Novichok em março em Salisbury, no sul da Inglaterra.

Johnson considerou que ambos os casos supõem “complôs patrocinados pelo Estado”, cujo objetivo é “aterrorizar” os oponentes.

O também ex-ministro britânico de Relações Exteriores, Jack Straw, declarou hoje à emissora “BBC Radio 4” que é necessária uma “ação firme para reduzir o poder desestabilizador do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman”.

Mohammed bin Salman visitou o Reino Unido em março, uma viagem que despertou críticas pela venda de armas por parte de Londres a Riad, que lidera a coalizão militar árabe no conflito do Iêmen. EFE

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