Por Dominic Kirui, especial para o Epoch Times
NAIROBI, Quênia – manifestantes sudaneses intensificaram exigências para que militares entregassem o poder a civis, anunciando planos para nomear um conselho interino, em 21 de abril, para ajudar a acelerar a transição.
Depois de meses de protestos na capital Cartum, os manifestantes sudaneses alcançaram um de seus objetivos para destituir o presidente Hassan Omar al-Bashir, em 11 de abril, quando ele foi forçado a deixar o poder em um golpe militar, encerrando seu mandato de 30 anos.
Os protestos, que começaram em 19 de dezembro do ano passado em Atbara, localizados ao nordeste de Cartum, foram provocados pelo aumento do custo de vida e escassez de combustível e alimentos, e foram recebidos com violência, levando à mortes e feridos.
Os protestos continuaram após a deposição de al-Bashir, no entanto, enquanto os manifestantes continuam a pedir a transição do poder do conselho militar para governantes civis eleitos. A Associação de Profissionais do Sudão (SPA), um grupo de profissionais que organizou os protestos, disse que revelará um órgão civil no dia 21 de abril.
“Estamos exigindo que este conselho civil, que tem representantes do exército, substitua o conselho militar”, disse Ahmed al-Rabia, um líder do SPA, à AFP.
Os Estados Unidos também pedem que os militares se afastem e permitam que os civis governem o país. O subsecretário adjunto dos Estados Unidos, Makila James, foi à região para incentivar a transição suave do país para o governo civil.
A porta-voz do Departamento de Estado, Morgan Ortagus, disse que os Estados Unidos vão “calibrar nossas políticas com base em nossa avaliação dos eventos”, acrescentando que as negociações sobre o fechamento do Sudão como patrocinador estatal do terrorismo continuam suspensas.
Ela acrescentou, no entanto, que os Estados Unidos estão “encorajados pela decisão de libertar prisioneiros políticos e cancelar o toque de recolher em Cartum”.
Os militares sudaneses afirmaram que haverá uma transição para o governo civil dentro de um período de dois anos. No entanto, os manifestantes se opõem a isso, dizendo que não foi para isso que eles protestaram.
“Eu não acho que isso é o que os manifestantes querem … eles querem eleger um novo presidente”, diz John Gatluak, um residente do Sudão.
David Kikaya, um especialista em relações internacionais, diz que os protestos são liderados por sudaneses “jovens instruídos” e que os manifestantes se mantiveram longe da violência.
Al-Bashir na prisão
Al-Bashir foi levado para a prisão em 18 de abril. Segundo seus parentes, ele foi enviado para a prisão de Kobar, onde dizem que ele estava enviando prisioneiros políticos quando era o líder. Após sua queda do poder, ele foi inicialmente confinado à residência presidencial.
O ministro das Relações Exteriores de Uganda, Okello Oryem, disse que seu país estaria disposto a oferecer asilo político a al-Bashir.
“Uganda não se desculparia por considerar um pedido de Bashir”, disse Okello à Reuters, em Kampala.
Esta decisão pode ser contra as obrigações internacionais de Uganda, uma vez que Uganda é signatário do Tribunal Penal Internacional (TPI), e al-Bashir é procurado pelo tribunal por acusações relacionadas com atrocidades na região de Darfur.
Segundo um relatório da Anistia Internacional, o ex-líder sudanês é um dos fugitivos mais antigos do TPI, com dois mandados de prisão para ele emitidos em 4 de março de 2009 e outro em 12 de julho de 2010.
“Ele é acusado de responsabilidade criminal por crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio após o assassinato, mutilação e tortura de centenas de milhares de pessoas na região sudanesa de Darfur”, disse o relatório.
Até agora, os militares sudaneses disseram que não entregariam al-Bashir ao TPI.