Os cidadãos que protestaram na noite de ontem e na madrugada de hoje em Buenos Aires e outras cidades da Argentina contra o plano de medidas econômicas anunciado pelo presidente Javier Milei “não sabiam muito bem o que significava essa série de desregulamentações”, afirmou nesta quinta-feira o governo.
“Apesar dos panelaços e manifestações de rua que ocorreram nas últimas horas, está claro que a maioria das pessoas concorda com o que o governo está fazendo”, declarou hoje o porta-voz da presidência, Manuel Adorni, durante entrevista coletiva na Casa Rosada.
“Há pessoas que não vão concordar (…), isso acontece em qualquer governo”, minimizou o porta-voz.
“Todos têm o direito de se manifestar como bem entenderem, desde que o façam dentro da lei”, destacou Adorni, embora tenha dito que as pessoas que protestaram de janelas e sacadas e caminhando pelas ruas “não chegaram a conhecer a filosofia desse decreto”.
Adorni detalhou que a elaboração do Decreto de Necessidade Urgente (DNU) apresentado por Milei, que contém mais de 600 páginas e reforma mais de 300 leis e normas, foi “longa e complexa”.
Nesse sentido, o governo planeja continuar anunciando novos “cortes de privilégios”.
“O espírito do decreto e do que está por vir é justamente incentivar a concorrência (…), mais investimento e produtos de melhor qualidade”, enfatizou o porta-voz presidencial, evitando comentar a possibilidade de que o principal sindicato do país – a Confederação Geral do Trabalho (CGT), de tendência peronista – possa convocar uma greve geral.
A CGT não participou da mobilização realizada ontem pelo Polo Obrero e outras organizações sociais e políticas em protesto contra as medidas de choque implementadas pelo novo governo.
Cerca de 3.000 pessoas marcharam pelo centro de Buenos Aires e participaram de um comício na histórica Plaza de Mayo, em frente à Casa Rosada, sede da presidência da República.
A manifestação, que ocorreu sem incidentes, foi a primeira a ser realizada sob o novo protocolo implementado pela ministra da Segurança, Patricia Bullrich, que prevê penalidades severas para quem bloquear o tráfego em ruas e rodovias.
A esse respeito, Adorni considerou a mobilização policial um sucesso, com a participação da Polícia Federal e da Gendarmaria.
“A mobilização policial teve um custo grande, razão pela qual o governo pretende apresentar a fatura para os organizadores da manifestação”, finalizou o porta-voz.