No sábado (18), o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, proferiu um discurso diante do Papa Francisco em um evento realizado em Verona, na Itália. A reunião reuniu aproximadamente 12,5 mil participantes, incluindo representantes de movimentos de esquerda, da sociedade civil e de diversas associações.
Em sua fala, o líder de extrema esquerda “amaldiçoou” a propriedade privada citando uma frase de Pedro Casaldáliga, religioso espanhol conhecido pelo apelido de “bispo dos sem-terra”.
“Malditas sejam todas as cercas. Malditas todas as propriedades privadas que nos privam de viver e de amar”, disse Stedile. Durante a cerimônia, o Papa Francisco “abençoou” a bandeira do MST.
Stédile disse que foi ele quem fez o pedido para que o Papa “abençoasse” a bandeira do movimento comunista.
“Pedi ao Papa que abençoasse a nossa bandeira do MST e lhe relatei a situação do Rio Grande do Sul. Ele ouviu com atenção e disse que estava acompanhando e rezando”, afirmou.
Apesar da violência promovida no campo pelo movimento, em 2020, o Pontífice já tinha enviado um agradecimento ao MST pela distribuição de alimentos durante a pandemia, considerado pelo religioso como um “gesto bonito”.
A proximidade do Papa com líderes de extrema esquerda tem sido frequentemente alvo de polêmica. No ano passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi recebido no Vaticano para uma reunião a portas fechadas. O encontro foi um dos diversos compromissos do petista durante sua estadia na Itália, em meio a suas numerosas viagens internacionais neste mandato.
Após o encontro, Lula expressou sua gratidão pelo diálogo nas redes sociais, destacando que ambos compartilharam uma “conversa construtiva sobre a paz global”. Em comunicado oficial, o Palácio do Planalto enfatizou que os principais temas abordados incluíram a promoção da paz, a preservação ambiental e a mitigação da fome e da pobreza em escala mundial.
Em 2015, o Papa também recebeu Evo Morales, ex-presidente da Bolívia, o que gerou significativa repercussão nas redes sociais. Durante o encontro, Morales presenteou o Pontífice com um crucifixo em forma de foice e martelo, símbolo do comunismo, ideologia associada a mais de 100 milhões de mortes ao longo da história.