Os grupos de transporte marítimo Maersk e Hapag-Lloyd anunciaram nesta sexta-feira a suspensão temporária da navegação pelo Canal de Suez e pelo Mar Vermelho depois de várias embarcações terem sofrido ataques de terroristas nos últimos dias ao longo da costa do Iêmen.
O porta-voz da companhia marítima alemã Hapag-Lloyd, Nils Haupt, confirmou por telefone à Agência EFE que a decisão foi adotada e vigorará até a próxima segunda-feira, quando será novamente avaliada.
A Hapag-Lloyd havia relatado anteriormente que um de seus navios de carga, o Al Jasrah, foi atacado nas águas do Mar Vermelho, em meio a uma onda de ataques de terroristas houthis e piratas somalis nessa estratégica rota comercial.
A empresa indicou que não houve feridos e que a embarcação continuou o seu curso, enquanto um gabinete de crise foi convocado para resolver a situação.
O Al Jasrah, com bandeira da Libéria, está a caminho de Singapura, depois de ter partido do porto grego de Pireu, segundo dados do portal de rastreamento Marinetraffic.
Pouco antes, a dinamarquesa Maersk, a maior empresa de transporte marítimo de mercadorias do mundo, anunciou uma decisão semelhante.
“Após o incidente com o Maersk Gibraltar ontem e outro ataque hoje a um navio de carga, instruímos os navios na região a caminho do estreito de Bab al Mandeb a suspender a navegação por enquanto e aguardar instruções”, informou o grupo em comunicado.
O Maersk Gibraltar foi alvo de um ataque com mísseis na quinta-feira, que não chegaram a atingir o navio, disse o grupo dinamarquês.
Um analista do Sydbank, Mikkel Emil Jensen, comentou que se outras companhias marítimas adaptarem decisões semelhantes, o impacto nas taxas de frete e nos prazos de entrega poderá ser significativo.
“Isto significará que poderemos ter um Canal de Suez 2.0 com taxas mais elevadas, prazos de entrega mais longos e menos fiabilidade no fornecimento”, afirmou Jensen em declarações citadas pela agência dinamarquesa “Ritzau”.
Nos últimos dias, houve uma sucessão de ataques dos terroristas houthis, que ameaçaram todos os navios com origem de ou destino a Israel e que, nesta sexta-feira, reivindicaram a responsabilidade por dois ataques na costa do Iêmen a dois navios de contêineres, ambos com bandeiras da Libéria.
O porta-voz militar houthi Yahya Sarea, que falou durante uma manifestação em Sana em solidariedade ao povo palestino, disse que as forças navais dos insurgentes “realizaram uma operação militar contra dois navios porta-contêineres (MSC Alanya e MSC PALATIUM III) que estavam indo em direção a Israel”.
Por sua vez, a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, exigiu que os ataques houthis parassem “imediatamente” e agradeceu à Arábia Saudita por ter derrubado alguns drones e foguetes lançados pelos rebeldes iemenitas.
“Esses ataques não só colocam em risco Israel, mas também a navegação internacional e a liberdade das rotas comerciais”, disse a ministra em entrevista coletiva em Berlim.