Mãe venezuelana carrega cadáver da filha desnutrida depois de ir a 3 hospitais sem luz (vídeo)

14/03/2019 Mundo

Por Jesús de León, Epoch Times

A crise venezuelana ficou ainda mais exacerbada devido ao blecaute que atinge a nação ininterruptamente desde a última quinta-feira, e que já custou a vida de vários venezuelanos que já não encontram nem sequer assistência médica básica.

No domingo, após o quarto dia do apagão, um vídeo dramático foi divulgado nas redes sociais mostrando uma mãe carregando o corpo de sua filha nos braços dirigindo-se ao necrotério em Valência, no estado de Carabobo, após ser rejeitada em vários hospitais porque não havia eletricidade, então não puderam cuidar de sua filha em estado grave.

“O médico me disse que eles terminaram sua jornada, pois não há luz. Então eu ia levá-la para Las Lomas”, narra a mulher nas primeiras imagens do vídeo.

Antes ela havia levado a criança até o pronto atendimento em Trapichito, onde ela mora, e depois a levou de volta ao hospital, mas novamente ela foi informada de que “não havia luz nem nada”.

Finalmente, a mãe decidiu ir diretamente para o necrotério assim que sua filha morreu.

No último balanço de mortes decorrentes da falta de eletricidade, o presidente Juan Guaidó compartilhou no Twitter que houve 21 mortes.

“Não são apenas números, são venezuelanos vivendo uma tragédia imposta pela indolência daqueles que roubaram tudo e hoje são responsáveis por mortes absolutamente injustificáveis”, acrescentou.

As dramáticas condições enfrentadas pelos venezuelanos foram acentuadas desde a última quinta-feira com o apagão que afeta quase todo o país.

Na saúde, os casos mais urgentes são aqueles de pacientes que necessitam de diálise, mas a angústia inunda as salas de emergência que não atendem ao público, pois a grande maioria não possui geradores de energia.

O número de vítimas pode aumentar. A Comissão de Direitos Humanos do Estado de Zulia (Codhez) informou que há pelo menos 3 pessoas que correm o risco de morrer hoje se não fizerem diálise.

Os pacientes em diálise do Centro de Diálise no Ocidente são cerca de 150 pacientes, que não fazem o procedimento desde 6 ou 7 de março, o que coloca suas vidas em risco, alertou Codhez.

A situação de crise nacional levou o Parlamento, com uma maioria de oposição, a declarar o país em crise humanitária, para a qual solicitou assistência internacional.

No entanto, Maduro se recusa a aceitar essa ajuda.

Devido à piora da situação com o blecaute, o presidente em exercício decretou na segunda-feira “estado de alerta em todo o território nacional devido à tragédia que vive o país por causa do apagão nacional”.

Sob a administração socialista de Nicolás Maduro, a Venezuela, o país com as maiores reservas comprovadas de petróleo do mundo, caiu na pior crise de sua história contemporânea, com uma acentuada falta de remédios e alimentos e uma hiperinflação de 10.000.000%.

Paciente olha pela janela do hospital Miguel Pérez Carreno em Caracas durante o pior apagão na história da Venezuela em 8 de março de 2019 (MATIAS DELACROIX / AFP / Getty Images)
Paciente olha pela janela do hospital Miguel Pérez Carreno em Caracas durante o pior apagão na história da Venezuela em 8 de março de 2019 (MATIAS DELACROIX / AFP / Getty Images)

Os venezuelanos que fugiram do país por causa da crise política e econômica agora são cerca de 3,4 milhões, dos quais 2,7 milhões em outros países latino-americanos, informou a agência da ONU para refugiados (ACNUR). e a Organização Internacional para as Migrações (OIM).