Nicolás Maduro, na qualidade de presidente do país, exigiu na quarta-feira (24) que sejam criadas comissões de trabalhadores em “todos os setores” para que “se comprometam por escrito” a votar nele.
“Quero que a partir de hoje, 24 de janeiro, de forma acelerada, nos conformemos… os comandos de campanha dos trabalhadores e trabalhadoras em todos os setores do país, em todas as fábricas, em todas as rotas, em todos os centros de trabalho”, disse ele, de acordo com a Radio Nacional de Venezuela.
A tarefa desses comandos será “convencer” aqueles que não concordam. E assim, no dia da eleição, a classe trabalhadora estará pronta para “dar a vitória” a ele, acrescentou.
Maduro deposita, desta forma, sua esperança de ser reeleito presidente em abril, através destes mecanismos de mobilização, onde cada pessoa deverá expressar sua opção de voto perante as autoridades governamentais.
“Vamos registrar cada voto, cada vontade, um por um, a partir de hoje até o dia da vitória presidencial”, exigiu, de acordo com o Ministério da Comunicação.
Esta semana, a Assembleia Nacional Constituinte (ANC) venezuelana decidiu realizar eleições presidenciais antes de maio deste ano e Maduro anunciou que concorrerá por seu partido (o governante) para uma reeleição presidencial.
A Assembleia Constituinte não é reconhecida pela oposição, que tem maioria no legislativo, nem é reconhecida por outros governos internacionais, uma vez que foi formada sem um referendo prévio de aprovação como indicado na Constituição.
A comunidade internacional, os Estados Unidos e os países latino-americanos que fazem parte do Grupo de Lima, rejeitaram a convocatória de eleições. O México anunciou que está se retirando do processo de diálogo na República Dominicana, onde participa como observador nas negociações entre o regime e a oposição.
.@statedeptspox: Estados Unidos rechaza enérgicamente el llamado de la Asamblea Constituyente ilegítima de #Venezuela para elecciones presidenciales antes del 30 de abril. Este voto no sería ni libre ni justo. https://t.co/nHbWPrH7xP pic.twitter.com/2vEQ07gLv0
— USA en Español (@USAenEspanol) January 24, 2018
“Esta decisão impossibilita a realização de eleições presidenciais democráticas, transparentes e com credibilidade”… disse o Grupo de Lima, formado pela Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru e Santa Lúcia, ao rejeitar o anúncio da Constituinte.
Os Estados Unidos rejeitaram fortemente a convocação da “ilegítima” Assembleia Constituinte da Venezuela para eleições presidenciais antes de 30 de abril porque “a votação não seria nem livre nem legítima”.
“É o povo da Venezuela que deve escolher, ao invés de sofrer pressões para votar em determinados candidatos”, acrescentou.
Com o sistema atual, “as pessoas são pressionadas a votar em um candidato escolhido previamente”.
“Vimos isso acontecer da última vez. Quando houve aquelas eleições ilegítimas, pressionaram as pessoas a votar em quem eles queriam”, disse Heather Nauert, porta-voz do Departamento de Estado em uma coletiva de imprensa na terça-feira.
De acordo com o governo dos Estados Unidos, fazer desta maneira será encarado como antidemocrático e ilegítimo aos olhos da comunidade internacional.
“Pedimos ao regime de Maduro que respeite os direitos humanos de todos os seus cidadãos e para que retorne à ordem constitucional democrática”.
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