Por Ezequiel Carneiro, Terça Livre
O ditador venezuelano Nicolás Maduro classificou como “lixo”, “veneno” e “cinismo” uma carta do Vaticano que incentiva os governantes da Venezuela a se abrirem ao diálogo na busca da superação da crise que o país atravessa.
O documento foi lido pelo bispo auxiliar de Caracas, Monsenhor Ricardo Barreto, durante a inauguração da assembleia anual da Fedecamaras, uma associação formada por entidades econômicas privadas, em 20 de julho.
O Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, escreveu a carta a um dirigente empresarial venezuelano.
Na carta, o cardeal diz que considera importante que a sociedade civil seja a protagonista da solução para a crise atual no país.
Parolin ainda insistiu que, para isso, a vontade política dos envolvidos e o interesse pelo bem comum, juntamente com o apoio da sociedade civil e das comunidades internacionais, são fatores essenciais no processo.
No momento da leitura da carta no evento, a vice-presidente da ditadura chavista, Delcy Rodríguez, conversava em seu celular, mas alguns minutos depois atacou o pedido do Vaticano.
Delcy Rodríguez respondeu ao apelo, dizendo que “os padres que querem fazer política, que tirem as batinas e venham fazer política”, citando o ex-presidente Hugo Chávez.
Na última quarta-feira (21), Nicolás Maduro também se pronunciou.
“Quando todos falam em produzir, se unir pela Venezuela, superar a crise econômica, chega um padre totalmente desconhecido, não sei se é um monsenhor ou bispo, e ele supostamente leu uma carta de Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, que foi embaixador do Vaticano aqui na Venezuela”, disse o ditador ao taxar como “lixo” a carta do Vaticano.
Para Maduro, a carta “era um compêndio de ódio, veneno, brigas, divisão e cinismo; uma carta verdadeiramente cheia de ódio, de catástrofe nacional”.
O analista político Bruno Dornelles disse no Boletim da Noite dessa terça-feira (27) que Maduro é narcisista.
“A natureza narcisista é você tentar convencer até os últimos instantes que você possui a razão. Aí você vai dizer: ‘mas a crise foi você que causou’. [Maduro responde] ‘Não, isso é política, tire a batina, venha fazer política’”, ressaltou.