O governo venezuelano nomeou Asdrúbal Chávez, ex-ministro do petróleo e primo do falecido líder Hugo Chávez, como o novo diretor da refinaria Citgo, um dia após as autoridades prenderem o diretor e seis membros da diretoria da empresa.
Eles levaram os executivos, quatro dos quais eram cidadãos estadunidenses, sob custódia durante um evento da empresa em Caracas na terça-feira, 21 de novembro, sob o argumento de uma investigação anticorrupção.
Os executivos estão sendo acusados de negociarem um acordo de financiamento de 4 bilhões de dólares com duas empresas de investimento estrangeiras, uma nos Estados Unidos e uma em Dubai.
O procurador do Estado venezuelano, Tarek Saab, disse numa coletiva de imprensa na terça-feira que o acordo ofereceu a refinaria como garantia no acordo.
A Citgo, embora com sede no Texas, é uma subsidiária da venezuelana PDVSA, uma empresa estatal de gás natural e petróleo. Cinquenta executivos da PDVSA foram presos desde que Saab assumiu o cargo em agosto, informou o Wall Street Journal.
“O crime organizado tem se enraizado nas fileiras da PDVSA”, afirmou Saab, de acordo com o Wall Street Journal.
No entanto, fontes na empresa disseram que as prisões indicam uma luta pela lealdade nos níveis superiores do turbulento governo da Venezuela e não um desejo de punir a corrupção, de acordo com o Washington Post.
Saab prometeu prender mais executivos do petróleo em sua “luta total para limpar a indústria do petróleo”, informou a Bloomberg.
A atual intromissão no principal motor econômico da Venezuela, o petróleo, é vista por muitos como uma forma de consolidar o controle do ditador socialista Nicolás Maduro sobre o governo e a economia. Por volta do meio do ano, Maduro deu passos audaciosos para solidificar seu poder, ignorando a Assembleia Nacional da Venezuela e criando uma Assembleia Constituinte que tenha o poder de reescrever a Constituição do país.
“O dinheiro está acabando, a economia está prestes a entrar em colapso e o governo está procurando um bode expiatório, a corrupção, em face do que parece ser um dos anos mais difíceis na era Chávez”, disse Diego Moya-Ocampos, analista de risco político na IHS Markit, a Bloomberg.
O setor de petróleo é um dos últimos resquícios da economia venezuelana; e a queda de produção, provavelmente devido à erosão das infraestruturas, pressionou o governo de Maduro a tomar medidas para evitar que a economia quebre totalmente.
“Saab não está fazendo isso porque acredita no estado de direito”, disse Phil Gunson, um analista do International Crisis Group, baseado em Caracas, a Bloomberg. “Ele está fazendo isso a pedido de seu mestre político, que se supõe ser Nicolás Maduro.”
De acordo com o Washington Post, as prisões são destinadas a promover a lealdade entre os executivos do petróleo, que são vistos como adversários políticos moderados de Maduro, especialmente aqueles que romperam relações com ele nos últimos meses.
Maduro fez o anúncio sobre o primo de Chávez assumindo o cargo de novo diretor da Citgo numa transmissão de televisão estatal na quarta-feira.
Contribuiu: Reuters
Republicado da NTD.tv