O ditador venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou nesta sexta-feira (9) que entregou ao Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) as atas eleitorais que estavam em posse dos partidos que apoiam seu regime. Isso ocorre quase duas semanas após o pleito presidencial, que está sob investigação e enfrenta forte pressão internacional.
Depois do pleito, a instituição eleitoral não publicou os resultados detalhados de todos os centros de votação em seu site, alegando que suas operações foram afetadas por um ataque cibernético. Mesmo assim, Maduro foi anunciado como vencedor.
De acordo com o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), alinhado ao governo, com 96,87% das seções eleitorais apuradas, o ditador teria vencido com 51,95% dos votos (6,4 milhões), em comparação com 43,18% (5,3 milhões) para o candidato da oposição Edmundo González, apoiado por Maria Corina Machado.
A oposição criou um site paralelo onde foram disponibilizados 24.432 registros de votação das seções eleitorais. As atas foram coletas por testemunhas e representam mais de 80% do total. As contagens ali publicadas indicam uma vitória esmagadora de González, com quase 70% dos votos.
Desde quarta-feira (7), nove dos dez candidatos presidenciais que disputaram a eleição, além de representantes das organizações políticas que os apoiaram, compareceram às audiências na sede do Supremo Tribunal em Caracas para testemunhar e apresentar supostas provas eleitorais, incluindo registros de votação. Apenas González não atendeu ao chamado.
Em um comunicado divulgado na terça-feira (6), o candidato da oposição afirmou que comparecer à audiência o colocaria em “risco” de detenção e rejeitou o procedimento judicial que desobrigaria as autoridades do CNE de publicar os resultados detalhados.
A falta de transparência por parte do governo Maduro e os documentos apresentados pela oposição geraram uma série de protestos em todo o país. Até o momento, mais de 2 mil pessoas foram presas pelo regime bolivariano, que se autodenomina uma “democracia”.
Segundo o governo de Maduro, os detidos estariam envolvidos em “vandalismo, ações violentas e tentativa de golpe”.
Especialistas endossam números da oposição
Especialistas consultados pela rede de TV norte-americana CNN, incluindo o professor de economia e estatística David Arroyo Fernández, do Colégio de Economistas de Madrid, e o cientista político John Magdaleno, diretor da consultoria de assuntos públicos Polity, concluíram que os números que apontam Maduro como vencedor são “estatisticamente improváveis”, enquanto os dados divulgados pela equipe do candidato oposicionista correspondem “matematicamente e estatisticamente”.
Ainda de acordo com outros observadores internacionais, as atas apresentadas pela oposição são verdadeiras e, portanto, Edmundo Gonzáles seria o novo presidente da Venezuela com 67,2% dos votos.
Nesta sexta-feira, o ditador rejeitou qualquer negociação com a líder Maria Corina Machado, a quem chamou de “terrorista” e “fugitiva da justiça”. Ele insistiu em alegar que 83% das atas apresentadas no site da oposição “são falsas”.