Maduro ameaça prender venezuelanos que deixaram o país se eles voltarem: “sabemos tudo sobre eles”

A Venezuela compra tecnologia da China e sabe-se que o regime comunista chinês já está usando uma enorme rede de câmeras de vigilância aprimoradas com inteligência artificial para controlar os cidadãos em tempo real

28/02/2019 20:04 Atualizado: 28/02/2019 20:04

Por Anastasia Gubin, Epoch Times

O líder da ditadura comunista na Venezuela, Nicolás Maduro, alertou que os jovens que participaram das manifestações no último sábado na fronteira com a Colômbia em apoio à entrada da ajuda humanitária, serão presos se tentarem voltar.

No sábado, 23 de fevereiro, centenas de milhares de venezuelanos deslocaram-se pacificamente até a fronteira para apoiar a entrada de ajuda humanitária internacional na forma de alimentos e remédios para a população em crise. No dia anterior, alguns cruzaram a fronteira para a Colômbia para participar de um enorme concerto internacional “Venezuela Aid Live” em Cúcuta para colaborar com esse propósito.

Pessoas participam do concerto "Venezuela Aid Live", organizado para arrecadar fundos para o esforço de ajuda para a Venezuela na Ponte Internacional Tienditas, em Cúcuta, Colômbia, em 22 de fevereiro de 2019 (Raul Arboleda/AFP/Getty Images)
Pessoas participam do concerto “Venezuela Aid Live”, organizado para arrecadar fundos para o esforço de ajuda para a Venezuela na Ponte Internacional Tienditas, em Cúcuta, Colômbia, em 22 de fevereiro de 2019 (Raul Arboleda/AFP/Getty Images)

“Temos todos os vídeos e as agências de inteligência estão analisando vídeo por vídeo, sabemos de todos os criminosos venezuelanos que estão lá com seus nomes e sobrenomes; assim que entrarem na Venezuela, eles serão capturados e entregues à Justiça, todos estão identificados”, disse Maduro, segundo a Cooperativa.

“Nós sabemos de que estado são; em que bairro moram (…) Temos uma boa agência de inteligência, muito boa, científica, excelente”, acrescentou, fazendo ainda outras acusações.

Pessoas caminham até o local onde aconteceu o concerto "Venezuela Aid Live" na Ponte Internacional Tienditas, em Cúcuta, Colômbia, em 22 de fevereiro de 2019. O show foi organizado pelo bilionário britânico Richard Branson para arrecadar fundos para o esforço de ajuda para a Venezuela (Luis Robayo/AFP/Getty Images)
Pessoas caminham até o local onde aconteceu o concerto “Venezuela Aid Live” na Ponte Internacional Tienditas, em Cúcuta, Colômbia, em 22 de fevereiro de 2019. O show foi organizado pelo bilionário britânico Richard Branson para arrecadar fundos para o esforço de ajuda para a Venezuela (Luis Robayo/AFP/Getty Images)

Nesta data, o grupo de cerca de 800 mil voluntários se organizou para recepcionar a ajuda humanitária no lado venezuelano. Em contrapartida, em Cúcuta, Colômbia, na fronteira com o estado de Táchira, realizou-se um grande concerto para a Liberdade da Venezuela e para arrecadar doações para o país em crise.

Pessoas assistem ao show "Venezuela Aid Live", organizado para arrecadar fundos para o esforço de ajuda venezuelano na Ponte Internacional Tienditas, em Cúcuta, Colômbia, em 22 de fevereiro de 2019 (Raul Arboleda/AFP/Getty Images)
Pessoas assistem ao show “Venezuela Aid Live”, organizado para arrecadar fundos para o esforço de ajuda venezuelano na Ponte Internacional Tienditas, em Cúcuta, Colômbia, em 22 de fevereiro de 2019 (Raul Arboleda/AFP/Getty Images)

Segundo a imprensa internacional, a ação foi totalmente pacífica, exceto por ações paramilitares e de milicianos leais a Maduro que agiram com armas, desobedecendo a ordem do presidente interino do país e presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, que ordenou deixar passar a ajuda humanitária.

Cidadãos venezuelanos se deslocam em caminhões, neste sábado, em Cúcuta (Colômbia). Centenas de venezuelanos se reuniram no sábado no lado colombiano da ponte internacional Simón Bolívar, que liga Cúcuta a San Antonio, no estado venezuelano de Táchira, para formar um corredor que facilite a passagem da ajuda humanitária para seu país (Mauricio Dueñas Castañeda/EFE)
Cidadãos venezuelanos se deslocam em caminhões, neste sábado, em Cúcuta (Colômbia). Centenas de venezuelanos se reuniram no sábado no lado colombiano da ponte internacional Simón Bolívar, que liga Cúcuta a San Antonio, no estado venezuelano de Táchira, para formar um corredor que facilite a passagem da ajuda humanitária para seu país (Mauricio Dueñas Castañeda/EFE)

Com suas declarações, Maduro parece estar reafirmando seu controle social com características Made in China, que foi notado anos atrás, quando ele começou a aplicar a tecnologia da gigante de telecomunicações ZTE. Uma iniciativa iniciada por Chávez quando o líder enviou uma delegação aos escritórios da Shenzem em 2008, o que seria apenas o começo.

O ex-conselheiro de segurança da informação do Ministério da Justiça venezuelano, Anthony Daquin, membro da delegação, disse à Reuters que “o que vimos na China mudou tudo”. Daquin disse que foi preso e extorquido por agentes de inteligência, então ele teve que fugir do país caribenho depois de revelar suas preocupações sobre o sistema chinês, já que uma vez implementado, poderia levar a cometer abusos contra a privacidade das pessoas na Venezuela.

“Eles estavam buscando o controle dos cidadãos”, disse o ex-conselheiro à agência de notícias, exatamente o que Maduro disse que estava fazendo com sua inteligência.

Neste sábado, um grande número de pessoas foi pacificamente para as fronteiras em nome da Liberdade da Venezuela. Segundo a imprensa internacional, apenas grupos paramilitares de apoio ao regime e parte da guarda nacional leal a Maduro agiram com violência e com armas para deter a população.

Depois da viagem à sede da ZTE em Shenzhen, o programa venezuelano para o novo sistema de identificação chinês ficou paralisado, mas em janeiro de 2017, Maduro o implementou usando o novo cartão de identificação inteligente conhecido como “carnet de la patria”.

Ditador venezuelano Nicolás Maduro fala com empresários durante a apresentação da marca nacional da Venezuela em Caracas em 11 de fevereiro de 2019 (Federico Parra/AFP/Getty Images)
Ditador venezuelano Nicolás Maduro fala com empresários durante a apresentação da marca nacional da Venezuela em Caracas em 11 de fevereiro de 2019 (Federico Parra/AFP/Getty Images)

Maduro exortou os cidadãos a se inscreverem no sistema e obter o novo cartão, e afirmou que era essencial para “construir um novo poder popular na Venezuela”, segundo uma pesquisa da Reuters em 2018.

O sistema desenvolvido pela ZTE, que está em constante evolução, utiliza os “cartões inteligentes dos cidadãos” e qualifica as pessoas de acordo com seu comportamento, incluindo sua solvência financeira e atividade política. O banco de dados armazena dados pessoais, informações sobre a família, emprego e renda, posse de propriedades, histórico médico, auxílio estatal recebido, perfis em redes sociais, participação em partido político e se votou ou não.

“Com este carnet faremos tudo a partir de agora”, observou Maduro na televisão estatal em dezembro passado.

Essa identificação pode ser completada com programas inteligentes aplicados nas câmeras de vigilância.

A Venezuela compra tecnologia da China e sabe-se que o regime comunista chinês já está usando uma enorme rede de câmeras de vigilância aprimoradas com inteligência artificial para controlar os cidadãos em tempo real.

Desta forma, é possível localizar dissidentes e ativistas de direitos humanos. A empresa chinesa Huawei ajudou a polícia na análise e processamento em tempo real das imagens de videovigilância.