Macron sugere impostos internacionais contra a pobreza e a favor do clima

Por Agência de Notícias
23/06/2023 14:05 Atualizado: 23/06/2023 14:07

O presidente da França, Emmanuel Macron, pronunciou-se nesta sexta-feira a favor da criação de uma tributação internacional para financiar o combate à pobreza e à mudança climática, em particular com uma taxa sobre o transporte marítimo.

Macron, que convocou a chamada Cúpula para um novo acordo financeiro global, que termina hoje em Paris, pediu ajuda à Organização Marítima Internacional (IMO) para abordar a questão de uma taxação em julho.

Em entrevista à emissora de rádio “France Info”, o presidente francês destacou que o transporte marítimo é “um dos poucos” que não está sujeito a impostos, razão pela qual deve ser taxado, mas não apenas ele.

De qualquer forma, disse que não vai estabelecer um imposto apenas para a França porque “não funciona quando fazemos sozinhos”. Para dar um exemplo, citou também o imposto sobre passagens aéreas ou sobre transações financeiras.

“Devemos dar o exemplo – salientou – com uma mobilização como temos feito sobre a taxa mínima” do imposto sobre as sociedades, negociado na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Por isso, fez um apelo no sentido de “buscar todos os países que não têm” impostos que registrem carbono ou passagens aéreas.

Para além da questão dos impostos internacionais, Macron defendeu os últimos acordos de reestruturação da dívida do Chade e da Zâmbia que envolvem a China, que se tornou um grande credor, sobretudo dos países africanos, e não apenas do Clube de Paris, que reúne essencialmente países desenvolvidos.

Questionado sobre a exigência de alguns países pobres pelo simples cancelamento da dívida, alertou que isso não funcionaria, porque depois ninguém iria querer emprestar ao país beneficiário.

Além disso, observou que, nos últimos anos, alguns países que conseguiam chegar a um compromisso de reestruturação da dívida com o Clube de Paris, em seguida se comprometiam com a China.

Para Macron, o que se fez agora com o Chade e a Zâmbia é uma mudança positiva porque “todos se esforçaram”, inclusive a China.

Já ao ser perguntado se a dívida dos países pobres com a China é problemática, respondeu que “se ultrapassar um determinado nível, sim”.

Por isso, sua proposta é estabelecer um marco comum, especificamente o da OCDE, para definir quando um nível de endividamento é ou não “sustentável”.

Macron explicou que discutiu esta questão com Xi Jingping em sua última viagem à China e, por isso, o presidente chinês enviou agora seu primeiro-ministro, Li Qiang, a esta cúpula de Paris.

O presidente francês salientou ainda que, para financiar o combate à pobreza e à mudança climática, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial “vão mudar completamente a sua lógica” para mobilizar muito mais dinheiro e atrair capital privado.

Nesse sentido, frisou que o objetivo é que “cada vez que se mobiliza um euro de dinheiro público, é preciso captar um euro de dinheiro privado”.

Por fim, reconheceu que isso não funcionará para os países mais pobres, que precisarão de outros mecanismos, mas funcionará para os emergentes. E que, em todo caso, devem ser oferecidos ao capital privado “mecanismos de garantia” para que decidam investir.

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