O presidente da França, Emmanuel Macron, foi tachado de “transfóbico” na quarta-feira (19) por considerar “grotesca” a ideia de agilizar o sistema de mudança legal de sexo no país, tal como foi proposto pela nova Frente Popular de esquerda.
Ontem, no início da campanha para as eleições legislativas de 30 de junho e 7 de julho na França, Macron conversava com dois eleitores de uma certa idade e, em um momento gravado pelas câmeras, censurou os programas tanto da Frente Popular como do direitista Reagrupamento Nacional.
Sobre o primeiro, disse que “inclui coisas grotescas, como mudar legalmente de sexo com um agendamento na prefeitura”.
Atualmente, este processo é legal na França, embora tenha alguns obstáculos, como a validação por um tribunal judicial.
O comentário de Macron, cujo partido Renascimento aparece em terceiro lugar nas pesquisas, provocou uma onda de críticas no campo progressista francês e em algumas vozes da sua própria legenda, uma formação normalmente aberta à defesa dos direitos da comunidade LGTBTQIA+.
“A extrema-direita não precisa mais fazer campanha. Macron faz isso por eles. No meio de uma ofensiva transfóbica, é irresponsável e imundo”, respondeu nas redes sociais o deputado da França Insubmissa (LFI) Clémence Guetté, cujo partido lidera a nova Frente Popular.
Cau Marie, reconhecida como a primeira prefeita transgênero na França desde que administrou a cidade de Tilloy-lez-Marchiennes (norte) em 2020, afirmou que “não há nada de grotesco” em acelerar os procedimentos de mudança de sexo.
Já Clément Beaune, ex-ministro dos Transportes e candidato a deputado nestas eleições pelo Renascimento, deixou uma crítica sutil a Macron ao enviar uma mensagem “às pessoas trans e LGBT” para “rejeitarem toda a estigmatização no discurso político” e permitirem que estas comunidades “avancem em seus direitos”.