O presidente francês Emmanuel Macron dissolveu a Assembleia Nacional Francesa e convocou uma eleição antecipada, já que o partido de direita Reunião Nacional (National Rally) está a caminho de uma vitória esmagadora nas eleições parlamentares da União Europeia (UE).
Em um vídeo dirigido ao povo francês, o Sr. Macron anunciou: “Decidi devolver a vocês a escolha de nosso futuro parlamentar através do voto. Assim, estou dissolvendo a Assembleia Nacional esta noite.”
O presidente francês marcou o primeiro turno das eleições para 30 de junho e o segundo turno para 7 de julho.
A decisão ocorre enquanto o partido Reunião Nacional, partido da rival presidencial de Macron por duas vezes, Marine Le Pen, parece estar a caminho de uma vitória surpreendente sobre o partido Renascimento (Renaissance) de Macron no Parlamento Europeu.
De acordo com os resultados mais recentes, o partido de Le Pen está estimado em cerca de 31,5% dos votos, contra 15,2% do partido Renascimento.
A convocação da eleição antecipada representa uma aposta para Macron, que atualmente está cumprindo seu segundo mandato como presidente.
Caso o partido Reunião Nacional consiga cadeiras suficientes na nova eleição, isso efetivamente prejudicará a agenda legislativa de Macron para os dois anos restantes de seu mandato.
Ele não pode se candidatar à reeleição em 2027 devido aos limites de mandato.
Macron chamou a decisão de dissolver o parlamento nacional de “séria e ponderada”.
“Mas é, antes de tudo, um ato de confiança”, disse ele. “Confiança em vocês, meus queridos compatriotas, na capacidade do povo francês de fazer a escolha mais justa para si e para as futuras gerações.”
Le Pen, vista como a favorita nas eleições de 2027, parecia exultante com os resultados, chamando a eleição de “histórica”.
Le Pen tem sido uma voz populista do crescente descontentamento francês com as políticas de imigração das últimas duas décadas.
Apesar de ter sido derrotada por Macron nas eleições presidenciais francesas de 2017 e 2022, o partido de Le Pen tem feito ganhos constantes e agora pode estar a caminho de conquistar o poder legislativo do presidente francês.
“Estamos prontos para assumir o poder se os franceses nos derem sua confiança nas próximas eleições nacionais”, disse Le Pen durante um comício após a divulgação dos resultados.
Antes da dissolução da Assembleia Nacional, o partido de Macron tinha 169 cadeiras, enquanto o partido de Le Pen tinha 88. A câmara baixa tem um total de 577 cadeiras.
Se a aposta de Macron falhar, ele ficará com o controle da defesa e da política externa, mas será altamente limitado no poder doméstico.
Onda de vitórias da direita e de populistas
A vitória da Reunião Nacional na França ocorre em meio a uma onda de vitórias populistas e de direita em toda a Europa.
Após as eleições, os partidos de centro-direita ainda manterão a maioria no Parlamento Europeu, mas as vozes da direita e dos populistas estão prestes a ter uma presença muito mais forte neste Parlamento Europeu do que tiveram no passado.
Na Alemanha, o partido populista Alternativa para a Alemanha (Alternative für Deutschland) ficou em segundo lugar com cerca de 15,6% dos votos, ainda bem atrás do partido da aliança de centro-direita, que ficou em primeiro lugar com cerca de 30,3% dos votos.
Na Itália, o partido populista Irmãos da Itália (Fratelli d’Italia) ficou em primeiro lugar com 28,6% dos votos. O partido de centro-esquerda ficou em segundo lugar, bem próximo, com 25,6% dos votos.
Vitórias nesses três países são significativas, pois esse trio de estados representa os três maiores membros da UE.
Mas a direita também comemorou vitórias em outras disputas pela Europa.
Nos Países Baixos, os populistas conquistaram cinco cadeiras.
Na Hungria, a aliança partidária de direita Fidesz–KDNP ficou em primeiro lugar com quase 44,3% dos votos.
Na Espanha, os conservadores também venceram, ganhando 9 cadeiras e tirando uma cadeira do partido socialista, que ficou em segundo lugar.
Apesar dessas vitórias, o Partido Popular Europeu de centro-direita—o partido da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen—ainda terá a maioria das cadeiras e está projetado para ganhar cerca de 181 das 720 cadeiras do Parlamento Europeu.
Agora, os partidos centristas no Parlamento Europeu trabalharão nas próximas semanas para encontrar um caminho para formar uma coalizão de pelo menos 361 cadeiras.