A líder opositora venezuelana Maria Corina Machado disse nesta quinta-feira (15) estar “convencida” de que parte das forças armadas, que apoiam o ditador Nicolás Maduro, está disposta a negociar com a oposição uma transição para a posse de Edmundo González Urrutia como novo presidente do país.
“Fomos claros” em nossa posição de “braços abertos” e “sem perseguição ou vingança” para os partidários pró-governo, e “isso também acontece nas forças armadas”, declarou Machado em resposta a uma pergunta da Agência EFE durante entrevista coletiva por teleconferência com jornalistas de Argentina e Chile.
“Não teríamos tido acesso às atas de votação se não houvesse a cooperação das tropas”, lembrou a líder opositora, em referência ao fato de que a oposição tem quase 84% dos registros de votação, o que lhe permite afirmar que 7,3 milhões de pessoas votaram em Urrutia, contra 3,3 milhões de votos em Maduro, e assim denunciar “a fraude nas eleições de 28 de julho”.
Machado busca “negociar uma transição” até 10 de janeiro de 2025, data do início do novo mandato presidencial, e ofereceu “uma série de incentivos, garantias, salvaguardas para os envolvidos” que, segundo ela, seriam objeto de uma negociação, embora não quisesse adiantar os detalhes.
“Estamos dispostos”, disse Machado, que esclareceu que “o regime se recusou até agora” a negociar.
“O regime está muito preocupado porque sabe que dentro das forças armadas ele também perdeu toda a legitimidade”, acrescentou.
Machado explicou que “o partido no poder não é monolítico ou hierárquico, mas heterárquico”, com “muitos interesses e agendas conflitantes” e cuja “voracidade” os colocou “uns contra os outros”.