O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve seu microfone cortado durante a abertura da Cúpula do Futuro, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, no domingo (22). O tempo do discurso acabou excedendo o tempo máximo permitido para as falas, estipulado pelo presidente da Assembleia Geral da ONU, Philémon Yang.
Em seu discurso, o presidente brasileiro criticou as estruturas internacionais de governança e a falta de representatividade do chamado “Sul Global” nas instâncias multilaterais.
O “Sul Global” é o nome dado por países como China e Rússia para um grupo abstrato de países que pertencem ao hemisfério sul e estão em desenvolvimento.
Lula mencionava que a governança global estava em crise e que as instituições existentes precisavam de mudanças. Ele também apontou que a pandemia de COVID-19 e os conflitos em regiões como Oriente Médio e Europa revelaram as fragilidades dessas organizações.
O presidente brasileiro também defendeu um pacto global mais forte para lidar com crises estruturais e mudanças climáticas. Lula ressaltou o que viu como fraquezas do atual pacto da ONU, afirmando que as medidas adotadas pelas organizações multilaterais ainda são insuficientes para enfrentar os desafios globais.
Ele também afirmou que a organização não possuía “autoridade e meios de implantação para fazer cumprir suas decisões”. A Assembleia Geral da ONU e o Conselho Econômico e Social também foram criticadas pelo presidente.
Além das falas direcionadas às instituições internacionais, Lula aproveitou a oportunidade para defender a necessidade de se repensar a distribuição de poder nessas organizações, de modo a garantir maior participação de países do grupo não-oficial “Sul Global”.
Foi enquanto Lula citava o que considerava como “injustiças” contra o “Sul Global” que seu tempo excedeu e teve seu microfone cortado. Após o corte, Lula ainda permaneceu no púlpito discursando por cerca de 33 segundos.
Outros presidentes e lideranças também tiveram seus microfones cortados por exceder o tempo, como os representantes de Serra Leoa e Iêmen.