O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira que espera que “a democracia vença” as eleições que serão realizadas na Argentina em outubro e que não prevaleça um candidato que “acha que investimento social é gasto”.
Na sua primeira entrevista coletiva com correspondentes estrangeiros desde que tomou posse, em 1º de janeiro, Lula deixou claro que prefere “manter o silêncio” sobre o processo eleitoral no país vizinho, embora não tenha deixado de mostrar a sua solidariedade com o progressista Alberto Fernández.
Sobre o atual presidente argentino, que não tentará a reeleição, afirmou, sem citar nomes, que teve que lidar com uma dívida contraída por “outro governo”, em referência ao ex-presidente Mauricio Macri, e com as consequências de uma enorme seca e da invasão russa à Ucrânia, entre outros fatores que tiveram impacto na economia do país.
Lula lembrou que, como presidente do Brasil, membro do grupo Brics (junto com Rússia, Índia, China e África do Sul), fez “tudo o que podia ser feito” para ajudar financeiramente a Argentina, mas admitiu que não foi possível devido às regras do banco de desenvolvimento desse fórum de economias emergentes.
“Estou preocupado com a situação da Argentina hoje, um país que se tornou a quinta maior economia do mundo” nos anos 50 e que neste século XXI continua mergulhado numa crise histórica, disse.
Lula afirmou que o Brasil “quer crescer junto com a Argentina” e com outros países latino-americanos, e sugeriu que trabalhará “lado a lado” com quem vencer as eleições de outubro em um país que é “o principal parceiro regional” da economia brasileira.
Mesmo assim, manifestou uma preferência: “Peço a Deus que a democracia vença na Argentina” e que não se imponha “um candidato que pensa que investimento social é gasto” ou “que é preciso privatizar tudo” para “resolver os problemas”, disse Lula em defesa velada das políticas aplicadas pelo governo de Alberto Fernández.