O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que ficou assustado com a declaração de seu aliado, o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, sobre um possível banho de sangue no país caso ele perca as próximas eleições presidenciais.
Durante uma entrevista coletiva para agências internacionais na manhã de segunda-feira (22) no Palácio da Alvorada, em Brasília, Lula afirmou que, em uma eleição, quem perde leva um “banho de votos, não de sangue”.
“Fiquei assustado com as declarações de Maduro, de que se ele perder as eleições haverá um banho de sangue. Quem perde as eleições toma um banho de votos, não de sangue”, afirmou. “Maduro tem que aprender: quando você ganha, você fica. Quando você perde, você vai embora. E se prepara para disputar outra eleição.”
No dia 28 de julho, a Venezuela escolherá seu próximo presidente em meio a polêmicas, prisões de opositores e dúvidas sobre a transparência do processo eleitoral.
Em um discurso inflamado na quarta-feira (17), Nicolás Maduro afirmou: “O destino da Venezuela no século 21 depende da nossa vitória em 28 de julho. Se não querem que a Venezuela caia em um banho de sangue, em uma guerra civil fratricida, produto dos fascistas, vamos garantir o maior êxito, a maior vitória da história eleitoral do nosso povo”.
Dois dias após essa declaração, Argentina, Costa Rica, Guatemala, Paraguai e Uruguai exigiram do governo da Venezuela o “fim do assédio, perseguição e repressão” contra dissidentes e a emissão de salvos-condutos para os membros da campanha oposicionista que estão refugiados na embaixada da Argentina em Caracas.
“Exigimos o fim imediato do assédio e da perseguição e repressão contra ativistas políticos e sociais da oposição, bem como a libertação de todos os presos políticos”, pediram os governos das cinco nações, em comunicado conjunto.
A ditadura Maduro intensificou sua repressão contra opositores e críticos com a proximidade das eleições.
Segundo o Foro Penal, uma organização não governamental, até segunda-feira (15), aproximadamente 102 pessoas foram detidas desde o início da campanha eleitoral na Venezuela, incluindo o chefe de segurança da líder da oposição María Corina Machado.
De acordo com a Agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para Refugiados (Acnur), quase 8 milhões de pessoas, o que representa cerca de 20% da população, deixaram a Venezuela desde o início da crise econômica e humanitária que começou com a ascensão do ditador Nicolás Maduro ao poder em 2013, até setembro do ano passado.