O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta terça-feira, na cúpula dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) realizada em Johannesburgo, a adoção de uma moeda de “referência” para esse bloco de economias emergentes, mas que não substitua as divisas dos países membros.
Em discurso na Sessão de Líderes do Fórum Econômico da cúpula, que começou hoje e vai até quinta-feira, Lula apoiou “a ideia de uma maior integração financeira” dos BRICS.
Nesse contexto, ele pediu a “adoção de uma unidade de conta de referência para comércio” entre os países do bloco “que não substitua nossas moedas nacionais” e favoreça “a diversificação das fontes de pagamento em moedas locais”.
Lula também destacou o papel do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), estabelecido pelo grupo em 2015.
“A decisão de estabelecer o Novo Banco de Desenvolvimento representou um marco na colaboração efetiva entre as economias emergentes e espera-se que seja o líder global no financiamento de projetos que abordem os desafios mais urgentes de nosso tempo”, disse.
O presidente também enfatizou que, em nível multilateral, os BRICS se destacam como “uma força para um comércio global mais justo, previsível e equitativo”.
“Não podemos aceitar um novo colonialismo”, declarou, em uma aparente alusão à hegemonia do Ocidente nas instituições internacionais.
Para Lula, “os BRICS têm uma oportunidade única de moldar a trajetória do desenvolvimento global”.
O presidente fez, ainda, uma breve alusão a uma das principais questões a serem abordadas na cúpula: a expansão do bloco.
“Nossos países, juntos, representam um terço da economia mundial. Essa relevância crescerá com a entrada de novos membros plenos”, afirmou.
Em Johannesburgo, espera-se que os BRICS debatam a “desdolarização” de suas economias, ou seja, o uso de moedas locais para o comércio em detrimento do dólar, uma posição apoiada pelo NBD.
O dólar ganhou força em relação às moedas dos mercados emergentes desde que a Rússia invadiu a Ucrânia e que o banco central dos EUA (Fed) começou a aumentar as taxas de juros para combater a inflação no país no início de 2022.
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