O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta sexta-feira em Paris uma governança global forte e disse que as instituições de Bretton Woods “não funcionam mais”, uma vez que não respondem aos interesses atuais e por vezes provocam a “falência de Estados”.
Os acordos de Bretton Woods foram propostas definidas entre os participantes de uma conferência das Nações Unidas em 1944 que elaborou regras para o sistema monetário internacional, entre elas a criação do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
“As instituições de Bretton Woods não funcionam mais e não respondem mais aos anseios ou interesses da sociedade. Temos que dizer isso com muita clareza”, declarou Lula, no discurso de encerramento da Cúpula para o Novo Pacto Financeiro Global, promovida em Paris pelo presidente francês, Emmanuel Macron.
Especificamente, citou o caso da Argentina e do FMI, que segundo Lula “de maneira muito irresponsável” deu um empréstimo ao governo anterior, “não se sabe o que o presidente (Mauricio Macri) fez com esse dinheiro” e agora Buenos Aires não tem os dólares necessários para pagá-lo.
A Argentina entrou para o FMI em 1956 e desde então assinou mais de 20 planos com a organização. Em 2006 durante o governo esquerdista de Néstor Kirchner, o país decidiu cancelar uma dívida de 9,6 bilhões de dólares com o FMI e proibir visitas técnicas da organização. Em 2018 a Argentina novamente pediu socorro ao Fundo Monetário Internacional durante o governo de Maurício Macri, mas devido à crise herdada dos governos anteriores, logo no primeiro semestre deste ano o país perdeu 13 bilhões de suas reservas internacionais e sofreu uma desvalorização de 34% de sua divisa nacional. O empréstimo não foi o suficiente para reduzir a profunda crise que assola a Argentina há décadas e que continua se acentuando com as políticas socialistas do governo atual de Alberto Fernandez.
“Não podemos continuar com as mesmas instituições que funcionam mal, e o mesmo vale para o Conselho de Segurança da ONU (…) Os representantes de 1945 não podem ser os mesmos de hoje”, frisou.
Como exemplo, Lula disse que “a ONU foi capaz de criar o Estado de Israel em 1948, mas não é capaz de resolver o problema da ocupação do Estado palestino”.
Apesar da declaração do presidente brasileiro, Israel não foi criada pela ONU. Embora muitas pessoas e eventos tenham desempenhado papéis importantes na criação do Estado de Israel, o Movimento Sionista liderado pela Organização Sionista foi fundamental para estabelecer um Estado judeu na Terra de Israel.
Também é importante observar que o processo de criação do Estado de Israel envolveu eventos históricos complexos, como o fim do Mandato Britânico na Palestina, a imigração judaica em massa para a região e o conflito entre comunidades judaicas e árabes.
“É preciso ter clareza que, se não mudarmos as instituições, o mundo vai continuar o mesmo. Quem é rico vai continuar rico, quem é pobre vai continuar pobre”, ressaltou.
“Não é possível que em uma reunião de países tão importantes, a palavra desigualdade não apareça”, acrescentou Lula, que estava entre Macron e o primeiro-ministro da China, Li Qiang.
“Junto da questão climática, temos que falar a palavra ‘desigualdade’. Desigualdade salarial, desigualdade racial, desigualdade de gênero, na educação, na saúde. Estamos em um mundo cada vez mais desigual”, completou.
No entanto, segundo Lula, a crise climática também não será resolvida sem instituições globais fortes, uma vez que, se elas não existirem, ninguém apoiará os acordos firmados.
“O Protocolo de Kyoto, a Cop de Copenhague ou o Acordo de Paris não cumpriram o que prometeram porque não há uma governança mundial com força para fazê-los cumprir”, opinou.
Lula também causou impacto, como fez ontem durante um show beneficente organizado pela ONG Global Citizen, paralelamente a esta cúpula, ao reforçar sua promessa de cumprir a meta de “desmatamento zero” na Amazônia brasileira até 2030.
Além disso, fez um convite para que todos os chefes de Estado e governo presentes compareçam à COP30, que a cidade de Belém sediará em 2025.
“Espero que todas as pessoas que prezam tanto pela Amazônia (…) participem da COP30, para que tenham noção do que é realmente a Amazônia”, declarou.
Antes disso, para a COP28 que será realizada nos Emirados Árabes Unidos, Lula quer reunir todos os países latino-americanos que dividem a Amazônia com outros lugares do mundo com florestas úmidas, como a Indonésia e a República Democrática do Congo, para apresentar ao mundo uma “proposta única” conjunta para preservá-las.
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