O presidente de Bielorrússia, Aleksandr Lukashenko, negou nesta quinta-feira que o líder da Rússia, Vladimir Putin, possa ser derrubado e descartou uma nova rebelião militar como a liderada pelo chefe do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, no último mês de junho.
“Bem, deixe-os tentar. Se eles já não têm problemas suficientes, terão ainda mais. Hoje, ninguém vai derrubar Putin”, disse Lukashenko em entrevista à jornalista ucraniana exilada Diana Panchenko, ex-apresentadora do canal pró-Rússia NewsOne, fechado por Kiev, publicada no YouTube.
Além disso, Lukashenko, que convenceu Prigozhin a retirar suas tropas do sul da Rússia e concordar em enviar seus mercenários para Belarus, enfatizou que não haverá novo levante armado “no futuro à vista”.
“Quanto a Putin não ser mais quem ele era… Bom, Putin não é quem ele era. Este Putin está multiplicado ao quadrado. Ultimamente, aprendi muito com todos, especialmente Putin. Ele não é mais a mesma pessoa, ele é mais sábio e mais astuto. Que saibam disso”, advertiu.
“Se alguém pensa: ‘Com a rebelião de Prigozhin, Putin está enfraquecido’. É uma estupidez soberana”, acrescentou.
Lukashenko também opinou que o líder russo se candidatará à reeleição nas eleições presidenciais de 2024, já que, com a reforma da Constituição em 2020, poderá continuar no Kremlin por mais dois mandatos de seis anos cada, até 2036.
“Acho que o próximo presidente russo será Putin. As eleições serão em meio ano. Agora Putin não tem rivais na Rússia”, comentou.
Por outro lado, não descartou que o chefe do Kremlin tenha um herdeiro, mas considerou que a Rússia é um país muito grande com “muitos problemas que precisam ser resolvidos”.
Lukashenko garantiu ainda que Putin nunca lhe pediu para participar da guerra na Ucrânia, mas apenas que protegesse sua retaguarda e tampouco pediu que reconhecesse a anexação da península ucraniana da Crimeia.
Na entrevista, o presidente bielorrusso também revelou que Putin se recusou a tomar a capital ucraniana devido ao grande número de vidas humanas que tal ataque implicaria.
“Eu digo a ele que para a guerra acabar, naturalmente, a capital deve ser tomada. Ele me disse: ‘Sabe, isso pode ser feito imediatamente, instantaneamente, mas muita gente vai morrer’. Se os russos tivessem conquistado Kiev, você pode imaginar que tipo de guerra teria sido? A guerra já teria acabado”, declarou.
Lukashenko também admitiu pela primeira vez durante a entrevista que algumas unidades russas penetraram em território ucraniano a partir de Belarus, especificamente na região de Chernobyl, em fevereiro de 2022.
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