A “correísta” Luisa González e o jovem empresário Daniel Noboa vão disputar a presidência do Equador em segundo turno no dia 15 de outubro, já que foram os dois candidatos mais votados no pleito de domingo (20) sem conseguir a maioria necessária se eleger no primeiro turno.
Com quase 78% dos votos apurados, González tinha 33,19% do total, contra 24,04% de Noboa. Em terceiro, com 16,37%, estava o candidato assassinado Fernando Villavicencio, substituído por Christian Zurita, que herdará sua votação.
Embora as pesquisas já previssem que González seria a mais votada no primeiro turno, graças à parcela de eleitores que a corrente política do ex-presidente Rafael Correa está acostumada a ter, Noboa não aparecia entre os primeiros nas pesquisas, e seu apoio teve um aumento meteórico nos últimos dias, impulsionado pelo voto jovem e por apresentar uma imagem de “outsider” na política.
González, advogada e ex-deputada que ocupou vários cargos no governo de Correa, enfatizou em um discurso público aos seus apoiadores que ela será a primeira mulher a disputar o segundo turno de uma eleição presidencial no Equador.
“Apelamos para a unidade de todos os equatorianos”, disse González, que acompanhou os resultados em Quito acompanhada pelo ex-vice-presidente do governo da Espanha Pablo Iglesias.
Para a candidata pelo movimento Revolução Cidadã, o assassinato de Villavicencio, inimigo ferrenho de Correa por causa das denúncias de corrupção feitas contra ele ao longo de sua carreira jornalística, prejudicou sua candidatura e a impediu de vencer no primeiro turno.
Para vencer no primeiro turno, ela precisava ter obtido 50% dos votos ou, ao menos 40% e não menos que dez pontos percentuais à frente dos demais.
Surpresa da noite
Noboa, de 35 anos e filho do magnata Álvaro Noboa, cinco vezes candidato à presidência, foi a surpresa da noite de apuração, ficando em segundo lugar.
O candidato pela aliança política ADN começou a ganhar força após sua participação no debate presidencial do último domingo, a ponto de ultrapassar outros rostos mais conhecidos e midiáticos na corrida presidencial, como o ex-vice-presidente Otto Sonnenholzner, o político ambientalista Yaku Pérez e o ex-combatente mercenário, empresário e especialista em segurança, Jan Topic.
“Não será a primeira vez que um novo projeto vira o establishment político de cabeça para baixo. Esse frescor na política é o que nos trouxe até aqui”, disse Noboa em entrevista coletiva realizada em Guayaquil e à qual sua equipe de campanha negou acesso à mídia e às agências internacionais.
Antecedentes opostos
Embora em entrevista à EFE em julho ele tenha se definido como de centro-esquerda, Noboa vem do círculo de negócios de Guayaquil, um dos grandes motores econômicos do Equador, enquanto Luisa González tem suas raízes na área rural da província costeira de Manabí, um passado do qual ela sempre se orgulha.
Quem vencer essas eleições sucederá o atual presidente, o conservador Guillermo Lasso, para completar seu mandato de 2021-2025, que foi interrompido pelo chefe de Estado em maio, quando ele invocou o mecanismo constitucional de “morte cruzada”, com o qual dissolveu o Parlamento e forçou esse processo eleitoral extraordinário.
Em terceiro lugar, longe de conseguir tirar Noboa da cédula, está o candidato assassinado Fernando Villavicencio, morto a tiros por supostos matadores de aluguel colombianos em 9 de agosto, em Quito.
Os votos de Villavicencio irão para Zurita, que recebeu medidas cautelares da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) no domingo, depois que ele relatou ter recebido ameaças de morte semelhantes às recebidas por seu colega dias antes de seu assassinato.
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