O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, afirmou nesta quinta-feira (08) que seu governo não pode e não cabe ao país prender o líder da Rússia, Vladimir Putin, se ele aceitar o convite para a cerimônia de posse de Claudia Sheinbaum, marcada para1º de outubro.
“Não podemos fazer isso, não depende de nós, somos contra a guerra, somos a favor da paz”, disse o presidente durante sua coletiva de imprensa pela manhã.
A reação do presidente mexicano ocorre após a controvérsia gerada pelo convite geral de Sheinbaum a todas as nações com as quais o México mantém relações diplomáticas, incluindo a Rússia, embora não se saiba quais países confirmaram presença.
A notícia do convite de Sheinbaum a Putin para participar da cerimônia de posse causou polêmica na terça-feira na imprensa internacional, já que o líder russo tem um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI), do qual o México é membro, pela invasão da Ucrânia.
“Como a presidente explicou, o México tem relações com quase todos os países do mundo”, disse López Obrador.
Mesmo assim, ele descartou Equador e Peru porque seu governo tem “diferenças” com ambos.
“Agora não há relações com o Equador, porque eles invadiram nossa embaixada, e também não há boas relações com o Peru. Estamos falando de governos, mas não de povos, porque respeitamos muito os povos irmãos do Equador e do Peru”, disse o mandatário, lembrando que, embora tenham convidado todos os governos com os quais o México mantém relações, cada um deles decide se vai ou não comparecer.
López Obrador garantiu que tudo tem a ver com a política diplomática do México.
“Também convidamos todos há cerca de um ano, durante o último desfile (do Dia da Independência). Convidamos países que sempre convidamos para participar, para criar uma delegação e participar do desfile, e eles vieram da Rússia e fizeram um tremendo estardalhaço porque eram da Rússia e de outros países”, argumentou.
Na quarta-feira, a presidente eleita não especificou se Putin aceitou o convite, nem esclareceu, quando perguntada por jornalistas, se espera que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ou o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, compareçam, nem especificou se o rei da Espanha, Felipe VI, estará presente no evento.
Isso depois que Sheinbaum disse em 30 de julho que concordava que “deve haver um perdão por parte da Espanha” pela “conquista espanhola” que deixou “muitos massacres e violência”, embora tenha insistido em manter relações com o país europeu.
Desde 2019, López Obrador, cujo governo termina em 30 de setembro, insiste que a Espanha deve pedir desculpas ao México pelos abusos cometidos durante a conquista, o que ele pediu a Felipe VI em uma carta.