Líderes mundiais se dividem entre parabenizar “reeleição” de Maduro e denunciar fraude eleitoral na Venezuela

Por Igor Iuan
29/07/2024 17:44 Atualizado: 29/07/2024 17:44

O anúncio do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE), sobre a “vitória” do ditador Nicolás Maduro nas eleições presidenciais do país, dividiu a comunidade internacional. De um lado, líderes mundiais não apenas questionaram o resultado: alguns expressaram condenação e repúdio diante do desrespeito à vontade do povo venezuelano, apontando a existência de fraude eleitoral no pleito.

Pelo outro lado, aliados da ditadura chavista e organizações internacionais comunistas, como o Foro de São Paulo, celebraram o resultado e parabenizaram Maduro.

O comunicado do CNE – órgão venezuelano equivalente ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) brasileiro – foi feito na madrugada de segunda-feira (29). A declaração de Elvis Amoroso, chefe do Conselho e aliado de Maduro, foi a de que o “reeleito” teria 51,20%, contra 44,2% do candidato oposicionista, Edmundo González Urrutia. No momento da fala, a apuração dos votos estaria em 80% do total, segundo Amoroso.

A líder antichavista María Corina Machado, proibida de concorrer pela Suprema Corte venezuelana e apoiadora de González, afirmou que possui 40% das atas transmitidas pelo órgão eleitoral. De acordo com ela, o oposicionista obteve em média 70% dos votos, enquanto Maduro ficou com 30%.

Fiscais e integrantes da oposição denunciaram irregularidades durante a votação, como impedimentos para acessar instalações do CNE e atas eleitorais, censura e prisão de opositores. 

Declarações de representantes latino-americanos

“Os dados anunciam uma vitória esmagadora da oposição, e o mundo está esperando que [o atual governo] reconheça a derrota depois de anos de socialismo, miséria, decadência e morte. A Argentina não reconhecerá outra fraude e espera que as Forças Armadas [da Venezuela] defendam desta vez a democracia e a vontade do povo.” Javier Milei, presidente da Argentina

 

“A diferença de votos contra a ditadura chavista é esmagadora. Eles perderam em todos os estados por mais de 35%. Não há fraude ou violência que esconda a realidade.” Diana Mondino, ministra das Relações Exteriores da Argentina

 

“Assim não! Foi um segredo aberto. Eles iriam “vencer” independentemente dos resultados reais. O processo até o dia das eleições e a contagem foram claramente falhos. Não se pode reconhecer um triunfo se não confiarmos na forma e nos mecanismos utilizados para alcançá-lo.” Luis Lacalle Pou, presidente do Uruguai

 

“Condeno em todas as extremidades a soma de irregularidades com a intenção de fraude cometida pelo governo venezuelano.” Javier Gonzalez-Olaecha, ministro das Relações Exteriores do Peru

 

“Repudiamos categoricamente a proclamação de Nicolás Maduro como presidente da Venezuela em eleições fraudulentas.” Rodrigo Robles, presidente da Costa Rica

 

“O regime de Maduro deve compreender que os resultados que publica são difíceis de acreditar. A comunidade internacional e especialmente o povo venezuelano, incluindo os milhões de venezuelanos no exílio, exigem total transparência das atas e do processo, e que observadores internacionais não comprometidos com o governo prestem contas pela veracidade dos resultados. No Chile não reconheceremos nenhum resultado que não seja verificável.” Gabriel Boric, presidente do Chile

 

“A comunidade internacional e o povo venezuelano esperam que a transparência e as garantias eleitorais prevaleçam para todos os setores. É importante esclarecer quaisquer dúvidas sobre os resultados. Isto implica que os observadores e observadores internacionais apresentem as suas conclusões sobre o processo. Apelamos para que a contagem total dos votos, a verificação e a auditoria independente prossigam o mais rapidamente possível.” Luis Gilberto Murillo, ministro das Relações Exteriores da Colômbia

 

“Nossas felicitações especiais e saudações democráticas, socialistas e revolucionárias ao presidente [ditador] Nicolás Maduro e ao corajoso povo da Venezuela pelo seu triunfo inquestionável, que reafirma a sua soberania e o legado histórico do comandante Chávez.” Xiomara Castro, presidente de Honduras

 

“Felicitamos o povo venezuelano e o presidente [ditador] Maduro pela vitória eleitoral deste histórico 28 de julho. Grande maneira de lembrar o comandante Hugo Chávez. Acompanhamos de perto esta festa democrática e saudamos o respeito à vontade do povo venezuelano nas urnas.” Luis Arce, presidente da Bolívia

 

“Falei com o irmão Nicolás Maduro para transmitir calorosas felicitações em nome do Partido, do Governo e do povo cubano pela histórica vitória eleitoral alcançada, após uma impressionante manifestação do povo venezuelano.” Miguel Díaz-Canel, ditador cubano

 

“Com alegria felicitamos a vitória do companheiro Nicolás Maduro, reeleito presidente [ditador] pelo povo venezuelano, dando continuidade à revolução bolivariana! Celebramos a ampla participação popular e a vitória da democracia, em defesa da paz e da soberania!” Foro de São Paulo, organização internacional comunista

EUA, UE, Rússia e China também se manifestaram

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, questionou a validade dos resultados anunciados pela CNE venezuelana. “Temos sérias preocupações de que os resultados anunciados não reflitam a vontade dos votos ou do povo venezuelano”, disse Blinken em um pronunciamento a jornalistas em Tóquio, ao lado de representantes da Austrália, Índia e Japão.

Para o Alto Representante para os Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE), Josep Borrell, “é vital assegurar a total transparência do processo eleitoral, incluindo a contagem detalhada dos votos e o acesso às atas de votação das mesas eleitorais”.

Ditaduras comunistas festejaram a “reeleição” de Maduro. Segundo informações do Kremlin, Vladimir Putin lhe enviou mensagem parabenizando pela “vitória”. “Estamos desenvolvendo relações em todas as áreas, incluindo áreas sensíveis”, disse comunicado.

O Partido Comunista Chinês (PCCh), comandado por Xi Jinping, felicitou Maduro pela “realização bem-sucedida” das eleições. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Lin Jian, afirmou que China e Venezuela são “bons amigos e parceiros que se apoiam mutuamente”.