Por Frank Fang
Líder do regime chinês, Xi Jinping, emitiu um alerta às nações amigas dos EUA na Ásia-Pacífico, em um golpe velado em objeção à formação de uma aliança liderada por Washington contra o comunismo, durante um discurso de vídeo pré-gravado para a cúpula da APEC, no dia onze de novembro.
“Tentativas de desenhar linhas ideológicas ou formar pequenos círculos por motivos geopolíticos estāo fadadas ao fracasso”, afirmou Xi ao fórum de CEOs da cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), sem nomear, especificamente, nenhum país.
Xi acrescentou: “A região Ásia-Pacífico não pode e não deve recair no confronto e divisão da era da Guerra Fria”.
A APEC tem 21 membros, incluindo Austrália, China, Canadá, Nova Zelândia, Taiwan e Estados Unidos. Este ano, a cúpula é sediada virtualmente na Nova Zelândia.
Como Xi, as autoridades do regime chinês também criticaram as alianças ocidentais das quais os Estados Unidos fazem parte. Mais recentemente, a condenação teve como alvo o pacto de defesa AUKUS recém-formado, um acordo de segurança entre os Estados Unidos, o Reino Unido e a Austrália. Sob o acordo, a Austrália colocará em campo uma frota de submarinos com propulsão nuclear.
Em outubro, Hong Xiaoyong, embaixador da China em Singapura, criticou os Estados Unidos por terem “formado cada vez mais ‘pequenos círculos’”, em um artigo de opinião publicado no The Strait Times. Como exemplos de tais círculos, ele nomeou Five Eyes, Quad e AUKUS.
A Five Eyes é uma aliança de compartilhamento de inteligência entre Austrália, Canadá, Nova Zelândia, Reino Unido e Estados Unidos. O Quad, formado pelo ex-primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, em 2007, é composto pela Austrália, Índia, Japão e Estados Unidos.
Em 19 de outubro, Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, acusou o AUKUS de incorporar “a mentalidade da Guerra Fria”, afirmando que a aliança tinha como objetivo provocar “confronto de bloco”.
Esta não é a primeira vez que Xi decide usar um fórum internacional para atacar Washington. Em setembro, ele declarou que o mundo precisava “rejeitar a prática de formar pequenos círculos ou jogos de soma zero”, em um discurso pré-gravado na 76ª Assembleia Geral da ONU.
A intenção da Austrália ao fazer parte do AUKUS foi recentemente explicada por Arthur Sinodinos, o embaixador do país nos Estados Unidos, durante uma palestra virtual apresentada pelo think thank baseado em Washington, o Hudson Institute.
Sinodinos afirmou que ser membro do AUKUS significa defender a ordem baseada em regras internacionais. Quanto a países como a China, o embaixador declara que “não podem jogar [seu] peso” contra outras nações.
Além disso, ingressar no AUKUS significava proteger a Austrália, relatou o embaixador.
“Queremos ser capazes de, nestas circunstâncias estratégicas em deterioração, conseguirmos projetar nosso poder adiante, ao invés de adotar uma abordagem em que toda a nossa defesa deve ser uma defesa do continente”, explicou.
Pequim criticada
Também em seu discurso de vídeo, Xi repetidamente pediu cooperação entre os membros da APEC, incluindo a luta contra a pandemia da COVID-19, inovação em ciência e tecnologia e desenvolvimento econômico.
No entanto, a comunidade internacional questionou a disposição da China em cooperar na luta global contra a COVID-19, uma doença causada pelo vírus do Partido Comunista Chinês (PCC). Pequim foi criticada por não cooperar com uma equipe de investigação liderada pela Organização Mundial da Saúde que conduziu o trabalho de base em Wuhan, China, no início deste ano.
Xi também falou da intenção da China em aderir ao Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Transpacífica (CPTPP), um acordo de livre comércio entre 11 nações, incluindo Austrália, Canadá, México, Peru, Singapura e Vietnã. Pequim candidatou-se a aderir ao pacto comercial em setembro.
O líder chinês também prometeu abrir mais setores agrícolas, manufatureiros e de serviços na China.
Tanto legisladores democratas quanto republicanos alarmaram sobre a candidatura da China para ingressar na CPTPP.
O senador Tom Cotton, em uma carta (pdf) datada em 5 de outubro, pediu à Representante do Comércio dos EUA, Katherine Tai, para usar as ferramentas disponíveis no Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USCMA) para impedir a China de aderir o pacto de 11 nações.
“A China não chega nem perto de cumprir os padrões da CPTPP sobre empresas estatais, propriedade intelectual, trabalho, meio ambiente e muitas outras áreas”, escreveu Cotton.
“A entrada da China no CPTPP recompensaria o roubo patrocinado pelo Estado e a coerção econômica que tem sido uma marca registrada do Partido Comunista Chinês.”
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