O líder do Partido Comunista Francês (PCF), Fabien Roussel, advertiu nesta terça-feira (16) sobre um “naufrágio” se os partidos de esquerda não chegarem a um consenso sobre dois nomes para a chefia de governo e a presidência da Assembleia Nacional.
“Se não chegarmos a uma solução nos próximos dias, será um naufrágio”, admitiu Roussel em declarações à emissora “BFMTV”, em referência às disputas internas entre os partidos de esquerda que compõem a Nova Frente Popular (NFP).
O secretário nacional do PCF pediu ao partido A França Insubmissa (LFI) para voltar às negociações com os outros partidos de esquerda porque, em sua opinião, o que importa é implementar o programa da NFP, como aumentar o poder de compra dos cidadãos e revogar a reforma previdenciária do ano passado.
“Isso dá a impressão de que a LFI prefere estar na oposição e criticar tudo. É uma posição muito mais confortável”, afirmou.
Suas observações foram feitas após o coordenador nacional do LFI, Manuel Bompard, ter rejeitado minutos antes a proposta de Laurence Tubiana para o cargo de primeira-ministra, apresentada por seus parceiros da NFP.
“É uma proposta que não me parece séria”, disse Bompard ao canal France 2, para quem a chegada de Tubiana ao cargo de chefe de governo significaria “permitir que os macronistas que foram derrotados nas eleições legislativas entrem pela janela”.
Bompard fez alusão a um artigo que Tubiana publicou no jornal Le Monde após as eleições, no qual argumentou que a esquerda, que conquistou o maior número de deputados na Assembleia Nacional, mas está longe de ter maioria absoluta, deveria fazer um pacto com o setor do presidente, Emmanuel Macron.
Tubiana, de 73 anos, foi proposta ontem à noite por socialistas, comunistas e ecologistas, com o objetivo de encontrar uma figura independente que pudesse gerar consenso entre os quatro partidos da NFP.
Desde o segundo turno das eleições, no dia 7, os quatro partidos que compõem a NFP não conseguiram chegar a um acordo sobre um nome, e tanto o LFI quanto o Partido Socialista, as duas maiores legendas, mantiveram seus respectivos candidatos.
Enquanto isso, o atual governo está realizando seu último Conselho de Ministros hoje com o objetivo de permitir que muitos de seus membros que foram eleitos como deputados assumam seus cargos na próxima quinta-feira, quando a Assembleia Nacional for constituída.
Um deles é o primeiro-ministro, Gabriel Attal, que no último sábado foi eleito presidente do grupo parlamentar Juntos pela República, novo nome adotado por esta frente.